Quando se tem em conta que 50% do território nacional é ocupado pelo bioma Amazônia e que 60% do potencial elétrico do país ainda por aproveitar se localiza nessa área, pode-se intuir as dificuldades que enfrenta a expansão da hidreletricidade no Brasil. De fato, a Amazônia é, de um lado, um bioma reconhecidamente sensível e de elevado interesse ambiental. De outro, constitui a fronteira hidrelétrica, ainda que nem todo o potencial lá existente venha a ser desenvolvido. As questões que se contrapõem são basicamente duas: 1) Pode o país abrir mão de preservar a Amazônia, de cuidar soberanamente das suas fragilidades e de toda a riqueza de sua biodiversidade, e de deixar um legado de interesse para toda a humanidade?; 2) Pode o país abrir mão de uma vantagem competitiva relevante representada pela hidreletricidade, sendo esta uma opção energética limpa, renovável, barata e de elevado conteúdo nacional, o que significa baixa emissão de carbono, geração de empregos e dinamismo econômico doméstico? Sem dúvida, não podemos abrir mão de nenhum dos dois objetivos. Análise rasa baseada em uma ótica ultrapassada, na qual projetos hidrelétricos provocam necessariamente impactos ambientais irrecuperáveis e não compensáveis, sugere que esse duplo objetivo é inatingível. Mas isso não tem de ser assim. Projetos hidrelétricos, quando instalados em áreas habitadas, podem constituirse em vetores do desenvolvimento regional. Quando instalados em áreas não habitadas podem constituir-se em vetores de preservação dos ambientes naturais. Por óbvio, qualquer projeto hidrelétrico deve cuidar para que os impactos ambientais sejam mitigados e compensados. Conciliar as duas questões básicas é possível. Demanda inovação, novas soluções construtivas, esquemas operativos diferenciados, identificação de áreas a serem preservadas, responsabilização dos atores envolvidos, vontade política e ampla discussão da sociedade - são esforços que podem ser feitos na direção de conciliar os imperativos de se preservar a Amazônia e desenvolver seu potencial elétrico. Por fim, não é demais lembrar que renunciar a esse potencial significa decidir que a expansão do consumo de energia dos brasileiros será atendida por outras fontes, não necessariamente mais competitivas ou de menor impacto ambiental.
(Maurício Tolmasquim. CartaCapital, 7 de setembro de 2011. p.61, com adaptações)
Percebe-se no texto
a)
concordância com a noção de que é necessário encontrar novas fontes energéticas na Amazônia, além das hidrelétricas, para atender à expansão do consumo. |
b)
crítica a uma corrente que desconsidera a preservação do ambiente natural, o que, por sua vez, deveria tornar-se meta prioritária, apesar da necessária geração de energia elétrica. |
c)
defesa da construção de hidrelétricas na região amazônica, desde que sejam feitos estudos e tomadas medidas adequadas de preservação ambiental. |
d)
preocupação em torno da eventual instalação de usinas hidrelétricas na região amazônica, que poderão comprometer a riqueza de sua biodiversidade. |
e)
proposta de importantes medidas de preservação ambiental na Amazônia, com a substituição das hidrelétricas por outras fontes energéticas. |
Mas isso não tem de ser assim. (3.º parágrafo)
O pronome grifado acima refere-se, considerado o contexto,
a)
às dificuldades que impedem a expansão da hidreletricidade no Brasil. |
b)
aos múltiplos interesses contrários à manutenção da biodiversidade da região amazônica. |
c)
aos vetores de desenvolvimento regional, com geração de empregos. |
d)
à impossibilidade de aliar construção de hidrelétricas e preservação da Amazônia. |
e)
a uma possível preferência por fontes alternativas de geração de eletricidade. |
O sentido do último parágrafo se contrapõe, em linhas gerais, ao que foi afirmado em:
a)
... 60% do potencial elétrico do país ainda por aproveitar se localiza nessa área ... |
b)
... constitui a fronteira hidrelétrica, ainda que nem todo o potencial lá existente venha a ser desenvolvido. |
c)
... sendo esta uma opção energética limpa, renovável, barata e de elevado conteúdo nacional ... |
d)
... projetos hidrelétricos provocam necessariamente impactos ambientais irrecuperáveis e não compensáveis ... |
e)
... qualquer projeto hidrelétrico deve cuidar para que os impactos ambientais sejam mitigados e compensados. |
... deve cuidar para que os impactos ambientais sejam mitigados e compensados.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo em que se encontra o grifado acima está em:
a)
Quando se tem em conta ... |
b)
... ainda que nem todo o potencial lá existente venha a ser desenvolvido. |
c)
As questões que se contrapõem ... |
d)
... não podemos abrir mão de nenhum dos dois objetivos. |
e)
... que podem ser feitos na direção de ... |
... que a expansão do consumo de energia dos brasileiros será atendida por outras fontes ...
Transposta para a voz ativa, a forma verbal grifada acima passará a ser:
a)
atenderão. |
b)
atenderiam. |
c)
se atendesse. |
d)
serão atendidas. |
e)
deverá ser atendida. |
Esforços devem ser feitos no sentido de preservar a região Amazônica.
O potencial elétrico da Amazônia deve ser desenvolvido.
Áreas devem ser oferecidas como compensação aos efeitos dos impactos ambientais, por exemplo.
É preciso conciliar os objetivos que se contrapõem à exploração do potencial hidrelétrico da Amazônia.
As frases acima articulam-se em um único período, com clareza, correção e lógica, em:
a)
Ainda que esforços devem ser feitos no sentido de preservar a região Amazônica e o seu potencial elétrico desenvolvido, com áreas que devem ser oferecidas como compensação aos efeitos dos impactos ambientais, assim se concilia os objetivos que se contrapõem à exploração do potencial hidrelétrico da Amazônia. |
b)
O potencial elétrico da Amazônia deve ser desenvolvido, e com esforços no sentido de preservar a região Amazônica, sendo preciso conciliar os objetivos que se contrapõem à essa exploração, em áreas que devem ser oferecidas como compensação aos efeitos dos impactos ambientais. |
c)
Para conciliar os objetivos que se contrapõem a exploração do potencial hidrelétrico da Amazônia, deve ser feito esforços no sentido de preservar a região Amazônica, com áreas de compensação aos efeitos dos impactos ambientais, onde esse potencial elétrico deve ser desenvolvido. |
d)
O potencial elétrico da região Amazônica, que deve ser desenvolvido com áreas oferecidas como compensação aos efeitos dos impactos ambientais, e com esforços no sentido de preservar essa região, sendo preciso conciliar os objetivos que se contrapõem a exploração do potencial hidrelétrico. |
e)
É preciso conciliar os objetivos que se contrapõem à exploração do potencial hidrelétrico da Amazônia, que deve ser desenvolvido, ao lado de esforços no sentido de preservar a região, como, por exemplo, a oferta de áreas que possam compensar os efeitos dos impactos ambientais. |
Tememos o acaso. Ele irrompe de forma inesperada e imprevisível em nossa vida, expondo nossa impotência contra forças desconhecidas que anulam tudo aquilo que trabalhosamente penamos para organizar e construir. Seu caráter aleatório e gratuito rompe com as leis de causa e efeito com as quais procuramos lidar com a realidade, deixando-nos desarmados e atônitos frente à emergência de algo que está além de nossa compreensão, que evidencia uma desordem contra a qual não temos recursos. O acaso deixa à mostra a assustadora falta de sentido que jaz no fundo das coisas e que tentamos camuflar, revestindo-a com nossas certezas e objetivos, com nossa apreensão lógica do mundo. Procuramos estratégias para lidar com essa dimensão da realidade que nos inquieta e desestabiliza. Alguns, sem negar sua existência, planejam suas vidas, torcendo para que ela não interfira de forma excessiva em seus projetos. Outros, mais infantis e supersticiosos, tentam esconjurá-la, usando fórmulas mágicas. Os mais religiosos simplesmente não acreditam no acaso, pois creem que tudo o que acontece em suas vidas decorre diretamente da vontade de um deus. Aquilo que alguns considerariam como a manifestação do acaso, para eles são provações que esse deus lhes envia para testar-lhes sua fé e obediência. São defesas necessárias para continuarmos a viver. Se a ideia de que estamos à mercê de acontecimentos incontroláveis que podem transformar nossas vidas de modo radical e irreversível estivesse permanentemente presente em nossas mentes, o terror nos paralisaria e nada mais faríamos a não ser pensar na iminência das catástrofes possíveis. Entretanto, tem um tipo de homem que age de forma diversa. Ao invés de fugir do acaso, ele o convoca constantemente. É o viciado em jogos de azar. O jogador invoca e provoca o acaso, desafiando-o em suas apostas, numa tentativa de dominá-lo, de curvá-lo, de vencê-lo. E também de aprisioná-lo. É como se, paradoxalmente, o jogador temesse tanto a presença do acaso nos demais recantos da vida, que pretendesse prendê-lo, restringi-lo, confiná-lo à cena do jogo, acreditando que dessa forma o controla e anula seu poder.
(Trecho de artigo de Sérgio Telles. O Estado de S. Paulo, 26 de novembro de 2011, D12, C2+música)
O 1.º parágrafo do texto salienta a
a)
importância da racionalidade como diretriz para as ações humanas. |
b)
fragilidade do ser humano diante das contingências fortuitas da vida. |
c)
irracionalidade com que muitas pessoas procuram viver seu dia a dia. |
d)
incompreensão geral em relação aos fatos mais comuns da vida humana. |
e)
supremacia de atitudes lógicas diante de certos acontecimentos cotidianos. |
O comportamento paradoxal do jogador, referido no último parágrafo, está no fato de
a)
ser ele um tipo de pessoa que age de modo inesperado diante do acaso. |
b)
conviver com jogos de azar, mas desconsiderar todas as implicações trazidas pelo acaso. |
c)
ser dominado pela expectativa de bons resultados advindos dos jogos de azar. |
d)
temer excessivamente o acaso, porém buscar continuamente o convívio com sua imprevisibilidade. |
e)
desafiar constantemente as surpresas do acaso, sem se dar conta de que se trata de um vício. |
São defesas necessárias para continuarmos a viver. (3.º parágrafo)
A palavra grifada acima retoma o sentido do que consta em:
a)
... forças desconhecidas que anulam tudo aquilo ... |
b)
... as leis de causa e efeito ... |
c)
... estratégias para lidar com essa dimensão da realidade ... |
d)
... provações que esse deus lhes envia ... |
e)
... nossas certezas e objetivos ... |
... rompe com as leis de causa e efeito com as quais procuramos lidar com a realidade ... (1.º parágrafo)
Há relação de causa e efeito no desenvolvimento do texto entre as situações que aparecem em:
a)
a inquietação decorrente da possibilidade de surgirem situações inesperadas e o planejamento racional das atividades diárias, levado a efeito por certas pessoas. (2.º parágrafo) |
b)
a presença inesperada do acaso em nossas vidas e a objetividade que deve levar à compreensão de sua ocorrência. (1.º parágrafo) |
c)
a constatação da ocorrência usual de fatos aleatórios e a exposição das pessoas a essas forças desconhecidas. (1.º parágrafo) |
d)
a percepção da falta de sentido das coisas e a tentativa de entender o mundo de maneira lógica e objetiva. (1.º parágrafo) |
e)
o medo de acontecimentos imprevistos na vida cotidiana e a constatação de que grandes catástrofes sempre podem ocorrer. (3.º parágrafo) |
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