Texto I
(1) A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas às outras, a fim de que possam garantir a continuidade da vida e satisfazer seus interesses e desejos.
(2) Sem vida em sociedade, as pessoas não conseguiriam sobreviver, pois o ser humano, durante muito tempo, depende de outros para conseguir alimentação e abrigo. E no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas morando na cidade, com hábitos que tornam necessários muitos bens produzidos pela indústria, não há quem não necessite de outros muitas vezes por dia.
(3) Mas as necessidades dos seres humanos não são apenas de ordem material, como os alimentos, a roupa, a moradia, os meios de transporte e os cuidados de saúde. Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa humana necessita de afeto, precisa amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que é a base de suas esperanças.
(4) Os seres humanos não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse modo de vida, mas também porque a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana. Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa humana pode satisfazer suas necessidades, é preciso que a sociedade seja organizada. E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com justiça é aquela em que se procura fazer com que todas as pessoas possam satisfazer todas as suas necessidades; é aquela em que todos têm as mesmas oportunidades, aquela em que os benefícios e encargos são repartidos igualmente entre todos.
(5) Para que essa repartição se faça com justiça, é preciso que todos procurem conhecer seus direitos e exijam que eles sejam respeitados; é preciso também que todos conheçam e cumpram seus deveres e suas responsabilidades sociais.
(Dalmo de Abreu Dallari. Adaptado).
O Texto 1, para ser compreendido com sucesso, deve ser percebido como um texto:
a)
narrativo-descritivo; basta ver o cenário e os personagens que compõem o enredo apresentado. |
b)
expositivo-argumentativo; há a definição de um conceito em torno do qual é construída uma argumentação. |
c)
narrativo-dissertativo; os fatos são propostos ao leitor com uma finalidade claramente dissertativa. |
d)
descritivo-apelativo; predominam no texto estratégias de convencimento, semelhantes àquelas que ocorrem na publicidade. |
e)
expositivo-injuntivo; o texto é construído para indicar etapas e procedimentos que um determinado processo implica. |
A análise do Texto 1 nos faz perceber que o autor estabelece uma relação de grande aproximação entre:
a)
a alimentação, o afeto e as sociedades organizadas com justiça. |
b)
a vida moderna, a urbanização e o consumo de bens industriais. |
c)
a vida em sociedade, as crenças e as esperanças de todas as pessoas. |
d)
a natureza humana, os encargos e as responsabilidades sociais. |
e)
a alimentação, os meios de transporte e os cuidados com a saúde. |
Analisando a distribuição das ideias pelos parágrafos do Texto 1, podemos dizer que:
a)
no primeiro parágrafo, o autor dá a definição de seu objeto de discussão e apresenta uma espécie de justificativa. |
b)
no segundo, o autor se concentra em descrever os traços típicos da sociedade moderna. |
c)
no terceiro, o autor defende a ideia de que as necessidades de ordem material preenchem a totalidade dos anseios humanos. |
d)
o argumento predominante no quarto parágrafo se centra na descrição detalhada dos benefícios garantidos pela segurança da vida social. |
e)
no parágrafo de conclusão, o autor é pouco taxativo; deixa com o leitor a descoberta das possíveis soluções para o problema levantado. |
A ideia de que o homem é um ser complexo e, assim, envolve múltiplas facetas, está explicitada no trecho:
a)
“não há quem não necessite de outros muitas vezes por dia”. |
b)
“a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana”. |
c)
“Elas [as necessidades] são também de ordem espiritual e psicológica”. |
d)
“é preciso que a sociedade seja organizada”. |
e)
“é preciso que todos procurem conhecer seus direitos”. |
Observe o trecho: “Os seres humanos não vivem em sociedade apenas porque escolhem esse modo de vida, mas também porque a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana.” O conectivo destacado expressa um sentido de:
a)
oposição. |
b)
concessão. |
c)
conclusão. |
d)
adição. |
e)
comparação. |
No texto aparece a afirmação: “não há quem não necessite de outros muitas vezes por dia”. Do ponto de vista da concordância verbal, o uso do verbo haver também estaria correto em:
a)
Se não houvessem tantas necessidades de apoio, o ser humano poderia sobreviver sozinho. |
b)
Devem haver sociedades em que as pessoas dependem inteiramente umas das outras. |
c)
Houveram sociedades em que a sobrevivência esteve ameaçada pela falta de convivência. |
d)
Os seres humanos haviam chegado mais cedo ao desenvolvimento se tivessem sabido conviver pacificamente. |
e)
Convém que hajam sociedades organizadas, para que se construam os ideais da justiça. |
Observe o trecho: “E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas.” Por esse fragmento destacado, se entende que o autor propõe:
a)
a satisfação de todas as necessidades de todos. |
b)
a satisfação de algumas necessidades de todos. |
c)
a satisfação de todas as necessidades de alguns. |
d)
a satisfação da pessoa humana quanto a determinadas necessidades. |
e)
a satisfação da vida social apenas para algumas necessidades. |
Considere o valor semântico do conectivo grifado no seguinte trecho: “as necessidades dos seres humanos não são apenas de ordem material, como os alimentos, a roupa, a moradia”. Essa expressão tem o mesmo sentido na alternativa seguinte:
a)
Como só nos afirmamos na convivência com os outros, ninguém pode sobreviver sozinho. |
b)
Todos conhecemos como é difícil viver sem a participação dos outros. |
c)
A convivência social também implica a existência de limites; como acontece até mesmo com os grupos familiares. |
d)
Falamos ou calamos como permitem os contextos sociais em que atuamos. |
e)
Como aprender a conviver com as diferenças de pessoas e grupos? |
TEXTO 2
Como entender a resistência da miséria no Brasil, uma chaga social que remonta aos primórdios da colonização? No decorrer das últimas décadas, enquanto a miséria se mantinha mais ou menos do mesmo tamanho, todos os indicadores sociais brasileiros melhoraram. Há mais crianças em idade escolar frequentando aulas atualmente do que em qualquer outro período da nossa história. As taxas de analfabetismo e mortalidade infantil também são as menores desde que se passou a registrá-las nacionalmente. O Brasil figura entre as dez nações de economia mais forte do mundo. No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos. Vem firmando uma inconteste liderança política regional na América Latina, ao mesmo tempo em que atrai a simpatia do Terceiro Mundo por ter se tornado um forte oponente das injustiças políticas de comércio dos países ricos. Apesar de todos esses avanços, a miséria resiste. Embora em algumas de suas ocorrências, especialmente na zona rural, esteja confinada a bolsões invisíveis aos olhos dos brasileiros mais bem posicionados na escala social, a miséria é onipresente. Nas grandes cidades, com aterrorizante frequência, ela atravessa o fosso social profundo e se manifesta de forma violenta. A mais assustadora dessas manifestações é a criminalidade, que, se não tem na pobreza sua única causa, certamente em razão dela se tornou mais disseminada e cruel. Explicar a resistência da pobreza extrema entre milhões de habitantes não é uma empreitada simples.
(Veja, ed. 1735).
A compreensão do Texto 2 nos autoriza a fazer os seguintes comentários:
1) o texto, tematicamente, está relacionado ao primeiro, enquanto admite razões coletivas para a miséria no Brasil.
2) a criminalidade, disseminada e cruel, tem nos níveis de pobreza da população sua única causa.
3) avanços das últimas décadas, em diferentes áreas sociais do Brasil, não foram suficientes para minimizar a miséria.
4) ainda que não pareça, sobretudo no meio rural, a miséria se estende a todos os campos da realidade brasileira.
5) as raízes da miséria no Brasil tem causas históricas e remontam a circunstâncias complexas e distantes.
Estão corretos os comentários feitos em:
a)
1, 3, 4 e 5 apenas. |
b)
1, 2, 4 e 5 apenas. |
c)
2, 3 e 4 apenas. |
d)
2 e 5 apenas. |
e)
1, 2, 3, 4 e 5. |
Procure entender o seguinte trecho: “O Brasil figura entre as dez nações de economia mais forte do mundo. No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos. Vem firmando uma inconteste liderança política regional na América Latina, ao mesmo tempo em que atrai a simpatia do Terceiro Mundo por ter se tornado um forte oponente das injustiças políticas de comércio dos países ricos”. Observe que:
1) os verbos sublinhados têm o mesmo sujeito, que está superficialmente indicado apenas na primeira ocorrência.
2) a elipse dos sujeitos dos verbos sublinhados não afeta o entendimento da ideia expressa.
3) apesar das elipses, pode-se estabelecer uma coesão entre os diversos fragmentos do trecho.
4) o trecho é pouco claro, pois a elipse, como figura de linguagem, não se ajusta a um texto de opinião.
5) cabe ao leitor ir estabelecendo os devidos nexos de sentido, mesmo na ausência de marcas explícitas de dependência.
Estão corretas as observações em:
a)
1, 2, 3, 4 e 5 |
b)
2 e 3 apenas |
c)
2, 3 e 4 apenas |
d)
1, 2, 3 e 5 apenas |
e)
1, 4 e 5 apenas |
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