Atenção: A(s) questão(ões) a seguir, refere(m)-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991.
Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo.
(Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)
O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso de Saquarema, tal como se observa na relação entre estas duas expressões:
a)
drama da baleia encalhada e três dias se debatendo na areia. |
b)
em quinze minutos estava toda retalhada e foram disputadas as toneladas da vítima. |
c)
se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. |
d)
o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar e lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. |
e)
Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás e Logo uma estatal, ó céus. |
Atente para as seguintes afirmações sobre o texto:
I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insinua, entre outros termos de aproximação, o encalhe dos gigantes.
II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia encalhada revelam que, acima das diferentes providências, atinham-se todos a um mesmo propósito.
III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de que o autor aproveitou o episódio da baleia encalhada para também figurar o encalhe de um país imobilizado pela alta inflação.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
a)
I, II e III. |
b)
I e III, apenas. |
c)
II e III, apenas. |
d)
I e II, apenas. |
e)
III, apenas. |
Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes dois fatores:
a)
o necrológio da União Soviética e os serviços da traineira da Petrobrás. |
b)
o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no lúcido objetivo comum. |
c)
o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestígio dos valores ecológicos. |
d)
o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as iniciativas que couberam a uma traineira. |
e)
o aproveitamento comercial da situação e a força descomunal empregada pela jubarte. |
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:
a)
em necrológio eufórico (1.º parágrafo) = em façanha mortal. |
b)
Comum, vírgula (2.º parágrafo) = Geral, mas nem tanto. |
c)
que se desse por perdida a batalha (2.º parágrafo) = que se imaginasse o efeito de uma derrota. |
d)
estabeleceu uma trégua entre todos nós (3.º parágrafo) = derrogou uma imunidade para nós todos. |
e)
é preciso dar provas da eficácia (4.º parágrafo) = convém explicitar os bons propósitos. |
Estão plenamente observadas as normas de concordância verbal em:
a)
À noite, davam-se aos trabalhos de poucos e à diversão de muitos uma trégua oportuna, para tudo recomeçar na manhã seguinte. |
b)
Aos esforços brutais da jubarte não correspondiam qualquer efeito prático, nenhum avanço obtinha o gigante encalhado na areia. |
c)
Sempre haverá de aparecer aqueles que, diante de um espetáculo trágico, logram explorá-lo como oportunidade de comércio. |
d)
Como se vê, cabe aos bons princípios ecológicos estimular a salvação das baleias, seja no alto-mar, seja na areia da praia. |
e)
Da baleia encalhada em 1966 não restou, lembranos o autor, senão as postas em que a cruel voracidade dos presentes retalhou o animal |
Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o último parágrafo do texto.
a)
Apesar de tratar do drama ocorrido com uma baleia, o cronista não deixa de aludir a circunstâncias nacionais, como o impulso para as privatizações e os custos da alta inflação. |
b)
Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o cronista não obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, como a inflação ou o processo empresarial das privatizações. |
c)
Vê-se que um cronista pode assumir, como aqui ocorreu, o papel tanto de um repórter curioso como analisar fatos oportunos, qual seja a escalada inflacionária ou a privatização. |
d)
O incidente da jubarte encalhado não impediu de que o cronista se valesse de tal episódio para opinar diante de outros fatos, haja vista a inflação nacional ou a escalada das privatizações. |
e)
Ao bom cronista ocorre associar um episódio como o da jubarte com a natureza de outros, bem distintos, sejam os da economia inflacionada, sejam o crescente prestígio das privatizações. |
Analisando-se aspectos sintáticos de frases do texto, é correto afirmar que em
a)
Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima as formas verbais sublinhadas têm um mesmo sujeito. |
b)
todos se empenhavam no lúcido objetivo comum configura-se um caso de indeterminação do sujeito. |
c)
uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas a voz verbal é ativa, sendo umas bugigangas o objeto direto. |
d)
eu já podia recolher a minha aflição não há a possibilidade de transposição para outra voz verbal. |
e)
Logo uma estatal, ó céus o elemento sublinhado exerce a função de adjunto adverbial de tempo. |
Está inadequada a correlação entre tempos e modos verbais no seguinte caso:
a)
Muitos se lembrariam da alegria voraz com que eram disputadas as toneladas da vítima. |
b)
Foi salva graças à religião ecológica que andava na moda e que por um momento estabelecera uma trégua entre todos. |
c)
Um malvado sugere que se dê por perdida a batalha e comecemos logo a repartir os bifes. |
d)
Depois de se haver debatido por três dias na areia da praia a jubarte acabara sendo salva por uma traineira que vinha socorrê-la. |
e)
Já informado do salvamento da baleia, o cronista teve um sonho em que o animal lhe surgiu com a força de um símbolo. |
Atenção: A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.
Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumento: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do profissional mais abalizado?
A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente técnica e uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando da nação.
Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento.
Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do "assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar nosso avião.
(Júlio Castanho de Almeida, inédito)
Deve-se presumir, com base no texto, que a razão do mérito e a razão do voto devem ser consideradas, diante da tomada de uma decisão,
a)
complementares, pois em separado nenhuma delas satisfaz o que exige uma situação dada. |
b)
excludentes, já que numa votação não se leva em conta nenhuma questão de mérito. |
c)
excludentes, já que a qualificação por mérito pressupõe que toda votação é ilegítima. |
d)
conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que votam sejam as que decidam pelo mérito. |
e)
independentes, visto que cada uma atende a necessidades de bem distintas naturezas. |
Atente para as seguintes afirmações:
I. A argumentação do ministro, referida no primeiro parágrafo, é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e escamotear os reais interesses de quem a formula.
II. O autor do texto manifesta-se francamente favorá-vel à razão do mérito, a menos que uma situação de real impasse imponha a resolução pelo voto.
III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere ao termo "assembleísmo" expressa o ponto de vista dos que desconsideram a qualificação técnica.
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em
a)
I. |
b)
II. |
c)
III. |
d)
I e II. |
e)
II e III. |
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