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Informações da Prova Questões por Disciplina TRE - Pernambuco - Técnico Judiciário - Administrativa - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2011 - Prova Objetiva

Interpretação de Textos

Casa grande & senzala

Antes de vitoriosa a colonização portuguesa do Brasil, não se compreendia outro tipo de domínio europeu nas regiões tropicais que não fosse o da exploração comercial através de feitorias ou da pura extração da riqueza mineral. Em nenhum dos casos se considerara a sério o prolongamento da vida europeia ou a adaptação dos seus valores materiais e morais a meios e climas tão diversos; tão mórbidos e dissolventes.

O colonizador português do Brasil foi o primeiro, dentre os colonizadores modernos, a deslocar a base da colonização tropical da pura extração de riqueza mineral, vegetal ou animal – o ouro, a prata, a madeira, o âmbar, o marfim – para a de criação local de riqueza. Ainda que riqueza – a criada por eles sob a pressão das circunstâncias americanas – à custa do trabalho escravo: tocada, portanto, daquela perversão de instinto econômico que cedo desviou o português da atividade de produzir valores para a de explorá-los, transportá-los ou adquirilos.

Semelhante deslocamento, embora imperfeitamente realizado, importou numa nova fase e num novo tipo de colonização: a “colônia de plantação”, caracterizada pela base agrícola e pela permanência do colono na terra, em vez do seu fortuito contato com o meio e com a gente nativa. No Brasil iniciaram os portugueses a colonização em larga escala dos trópicos por uma técnica econômica e por uma política social inteiramente novas: apenas esboçadas nas ilhas subtropicais do Atlântico. [...]

A sociedade colonial no Brasil, principalmente em Pernambuco e no Recôncavo da Bahia, desenvolveu-se patriarcal e aristocraticamente à sombra das grandes plantações de açúcar, não em grupos a esmo e instáveis; em casas-grandes de taipa ou de pedra e cal, não em palhoças de aventureiros. Observa Oliveira Martins que a população colonial no Brasil, “especialmente ao Norte, constituiu-se aristocraticamente, isto é, as casas de Portugal enviaram ramos para o ultramar, e desde todo o princípio a colônia apresentou um aspecto diverso das turbulentas imigrações dos castelhanos na América Central e ocidental”.

(Fragmento extraído de Gilberto Freyre. Casa grande & senzala. v.1. 14. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1969, pp.22-3)

1 -

O texto estabelece uma clara oposição entre dois tipos de colonização nos trópicos: a colonização

a)

realizada pelos portugueses, com base no trabalho escravo, e a que foi levada a cabo por outros povos europeus, em que o trabalho era realizado pelos próprios colonos.

b)

baseada na pura extração das riquezas, sem a fixação do explorador, e a que empreende a criação de riquezas e o estabelecimento do colono na terra conquistada.

c)

em que o domínio europeu se dava pelo estabelecimento de feitorias, e aquela outra em que havia tão-somente a exploração da riqueza mineral da colônia.

d)

ultrapassada das ilhas subtropicais do Atlântico, de um lado, e a do Brasil pelos portugueses, de outro, em que foi empregada uma técnica econômica e uma política social inovadoras.

e)

em que colonos castelhanos se dedicaram à verdadeira produção de valores, e aquela em que colonos portugueses trataram apenas de explorá-los ou adquiri-los.

Pontuação
2 -

Com relação à pontuação empregada no texto, é INCORRETO afirmar:

a)

O ponto e vírgula empregado imediatamente depois do termo diversos (final do primeiro parágrafo) poderia ser substituído por dois-pontos, sem prejuízo para o sentido e a correção.

b)

Em Ainda que riqueza – a criada por eles sob a pressão das circunstâncias americanas à custa do trabalho escravo (2.º parágrafo), os travessões isolam segmento explicativo ou especificativo do termo anterior.

c)

Os travessões que isolam o segmento o ouro, a prata, a madeira, o âmbar, o marfim (2.º parágrafo) poderiam ser substituídos por parênteses, sem prejuízo para o sentido e a correção.

d)

As aspas empregadas no último parágrafo indicam que o segmento por elas isolado é citação textual de palavras tomadas por Gilberto Freyre a um outro autor.

e)

Em No Brasil iniciaram os portugueses a colonização em larga escala dos trópicos (3.º parágrafo), uma vírgula poderia ser colocada imediatamente antes de iniciaram, sem prejuízo para o sentido e a correção.

Regência Nominal e Verbal
3 -

... as casas de Portugal enviaram ramos para o ultramar ...

O verbo que também é empregado com a mesma regência do grifado acima está em:

a)

Observa Oliveira Martins que a população colonial no Brasil ...

b)

... iniciaram os portugueses a colonização em larga escala dos trópicos ...

c)

... importou numa nova fase e num novo tipo de colonização ...

d)

... perversão de instinto econômico que cedo desviou o português da atividade ...

e)

O colonizador português do Brasil foi o primeiro, dentre ...

Compreensão e Interpretação de Textos
4 -

O segmento cujo sentido está CORRETAMENTE expresso em outras palavras é:

a)

desenvolveu-se patriarcal e aristocraticamente = prosperou de modo paternal e ilustre

b)

tão mórbidos e dissolventes = excessivamente salubres e vagos

c)

em grupos a esmo e instáveis = em agrupamentos casuais e inconstantes

d)

exploração comercial através de feitorias = crescimento das vendas por meio de prepostos

e)

fortuito contato com o meio = relação frequente com a natureza

Crase
5 -

Ainda que riqueza [...] à custa do trabalho escravo ...

A sociedade colonial no Brasil [...] desenvolveu-se [...] à sombra das grandes plantações de açúcar ...

Do mesmo modo que nas frases acima, está CORRETO o emprego da crase em:

a)

combate à fome.

b)

vendas à prazo.

c)

escrito à lápis.

d)

avião à jato.

e)

defender à unhas e dentes.

Interpretação de Textos

Poesia completa e prosa

Meu avô Costa Ribeiro morava na Rua da União, bairro da Boa Vista. Nos meses de verão, saíamos para um arrabalde mais afastado do bulício da Cidade, quase sempre Monteiro ou Caxangá. Para a delícia dos banhos de rio no Capiberibe. Em Caxangá, no chamado Sertãozinho, a casa de meu avô era a última à esquerda. Ali acabava a estrada e começava o mato, com os seus sabiás, as suas cobras e os seus tatus. Atrás de casa, na funda ribanceira, corria o rio, à cuja beira se especava o banheiro de palha. Uma manhã, acordei ouvindo falar de cheia. Talvez tivéssemos que voltar para o Recife, as águas tinham subido muito durante a noite, o banheiro tinha sido levado. Corri para a beira do rio. Fiquei siderado diante da violência fluvial barrenta. Puseram-me de guarda ao monstro, marcando com toquinhos de pau o progresso das águas no quintal. Estas subiam incessantemente e em pouco já ameaçavam a casa. Às primeiras horas da tarde, abandonamos o Sertãozinho. Enquanto esperávamos o trem na Estação de Caxangá, fomos dar uma espiada ao rio à entrada da ponte. Foi aí que vi passar o boi morto. Foi aí que vi uns caboclos em jangadas amarradas aos pegões da ponte lutarem contra a força da corrente, procurando salvar o que passava boiando sobre as águas. Eu não acabava de crer que o riozinho manso onde eu me banhava sem medo todos os dias se pudesse converter naquele caudal furioso de águas sujas. No dia seguinte, soubemos que tínhamos saído a tempo. Caxangá estava inundada, as águas haviam invadido a igreja ...

(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, v. único, p. 692)

6 -

Identifica-se no texto

a)

manifestação de apoio a decisões tomadas por famílias em situação de risco.

b)

depoimento pessoal, em que transparecem lembranças familiares.

c)

desenvolvimento objetivo a respeito da ocorrência de catástrofes.

d)

discussão de ideias sobre acontecimentos naturais, como a cheia de rios.

e)

opinião, baseada em fatos, sobre como se defender das forças da natureza.

7 -

Talvez tivéssemos que voltar para o Recife, as águas tinham subido muito durante a noite, o banheiro tinha sido levado.

O segmento grifado atribui ao contexto a noção de

a)

ressalva a partir da afirmativa feita anteriormente.

b)

condição para a realização de uma ação anterior.

c)

consequência das observações a respeito de um fato natural.

d)

proporcionalidade entre dois fatos mutuamente relacionados.

e)

causa determinante da hipótese apresentada antes dele.

Flexão Nominal e Verbal
8 -

Nos meses de verão, saíamos para um arrabalde mais afastado do bulício da Cidade, quase sempre Monteiro ou Caxangá.

A frase em que ambos os verbos grifados estão flexionados nos mesmos tempo e modo em que se encontra o grifado acima é:

a)

Atrás de casa, na funda ribanceira, corria o rio, à cuja beira se especava o banheiro de palha.

b)

Talvez tivéssemos que voltar para o Recife, as águas tinham subido muito durante a noite ...

c)

Enquanto esperávamos o trem na Estação de Caxangá, fomos dar uma espiada ao rio à entrada da ponte.

d)

... que o riozinho manso onde eu me banhava sem medo todos os dias se pudesse converter naquele caudal furioso de águas sujas.

e)

No dia seguinte, soubemos que tínhamos saído a tempo.

Ortografia e Semântica
9 -

O par grifado que constitui exemplo de parônimos está em:

a)

No espaço de uma noite, o rio havia transbordado e inundado o quintal da casa.

Pela manhã, foi possível constatar a força destrutiva das águas.

b)

O rio se convertera em um caudaloso fluxo de águas sujas.

O menino se assustou com a violência barrenta das águas.

c)

Famílias eminentes podiam ir para o campo, fugindo do bulício da cidade.

Eram iminentes os riscos causados pela inundação das águas barrentas do rio.

d)

Era urgente a necessidade de obras para a contenção do rio.

Havia heroísmo na concentração dos homens que lutavam contra a corrente.

e)

No pomar atrás da casa havia frutas, entre elas, mangas e cajus.

Em mangas de camisa, homens tentavam salvar o que as águas levavam.

Pronomes: Emprego, Formas de Tratamento e Colocação

Modernidade lá e cá

Cézanne é um barroco retardado no século XIX, pelo temperamento arrebatado de meridional e o romantismo incurável de sua natureza tímida; mas é também um artesão, um geômetra, um construtor clássico. Essas qualidades contraditórias fazem seu gênio, e já em si mesmas, ou por outra, nas suas combinações esdrúxulas, constituem o grande traço da alma moderna − com a ambivalência de suas tendências, o seu querer e o seu sentir antitéticos, o seu dilaceramento interior.
Realista que se inicia sob o signo de Daumier e de Courbet, nem por isso deixa de cultuar Delacroix, o criador de antíteses coloridas tão sonoras quanto as da poesia de Victor Hugo. Cézanne admira a maestria plástica de Rubens, e é um eterno fascinado pela doçura, a elegância, a poesia do classicismo romano de Poussin. Nessas admirações, nesses mestres divergentes, já encontramos a chave do enigma cézanneano.

(Fragmento adaptado de Mário Pedrosa, Modernidade lá e cá: textos escolhidos 4. São Paulo, Edusp, 2000, p.117)

10 -

... nem por isso deixa de cultuar Delacroix ...

Cézanne admira a maestria plástica de Rubens ...

... já encontramos a chave do enigma cézanneano.

A substituição dos elementos grifados nas frases acima pelos pronomes correspondentes, com os necessários ajustes, terá como resultado, respectivamente:

a)

nem por isso deixa de cultuar-lhe / Cézanne a admira / já a encontramos.

b)

nem por isso deixa de cultuá-lo / Cézanne lhe admira / já lhe encontramos.

c)

nem por isso deixa de lhe cultuar / Cézanne a admira / já encontramos-na.

d)

nem por isso deixa de a cultuar / Cézanne lhe admira / já lhe encontramos.

e)

nem por isso deixa de cultuá-lo / Cézanne a admira / já a encontramos.

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