Para responder à(s) questão(ões) seguinte(s), considere o texto abaixo.
A dor, juntamente com a morte, é sem dúvida a experiência humana mais bem repartida: nenhum privilegiado reivindica ignorância em relação a ela ou se vangloria de conhecê-la melhor que qualquer outro. Violência nascida no próprio âmago do indivíduo, ela dilacera sua presença e o esgota, dissolve-o no abismo que nele se abriu, esmaga-o no sentimento de um imediato sem nenhuma perspectiva. Rompe-se a evidência da relação do indivíduo consigo e com o mundo.
A dor quebra a unidade vivida do homem, transparente para si mesmo enquanto goza de boa saúde, confiante em seus recursos, esquecido do enraizamento físico de sua existência, desde que nenhum obstáculo se interponha entre seus projetos e o mundo. De fato, na vida cotidiana o corpo se faz invisível, flexível; sua espessura é apagada pelas ritualidades sociais e pela repetição incansável de situações próximas umas das outras. Aliás, esse ocultar o corpo da atenção do indivíduo leva René Leriche a definir a saúde como “a vida no silêncio dos órgãos”. Georges Canguilhem acrescenta que ela é um estado de “inconsciência em que o sujeito é de seu corpo”.
(Adaptado de: BRETON, David Le. Antropologia da Dor, São Paulo, Editora Fap-Unifesp, 2013, p. 25-6)
Conforme o texto, a
a)
saúde, ao contrário da dor, torna o homem apto à percepção corporal, uma vez que não impõe barreiras inflexíveis. |
b)
dor, ao contrário da saúde, possibilita ao homem a tomada de consciência sobre seu próprio corpo. |
c)
dor, como sintoma da doença, estabelece uma relação de pertença entre corpo e sujeito. |
d)
saúde, como estado de plenitude, torna perceptível a cisão entre corpo e sujeito. |
e)
dor, diferentemente da saúde, leva ao ocultamento do sujeito frente a seu corpo. |
... esse ocultar o corpo da atenção do indivíduo... ... definir a saúde como a vida no silêncio dos órgãos. (final do texto)
Os segmentos acima expressam, respectivamente,
a)
consequência e finalidade. |
b)
condição e necessidade. |
c)
consequência e condição. |
d)
causa e finalidade. |
e)
causa e decorrência. |
Os pronomes grifados nos segmentos ... enraizamento físico de sua existência, ... sua espessura é apagada... e ... ela é um estado de inconsciência... (2.º parágrafo) referem-se, respectivamente, a:
a)
enraizamento físico, corpo e atenção do indivíduo. |
b)
homem, corpo e saúde. |
c)
dor, vida cotidiana e saúde. |
d)
enraizamento físico, corpo e vida no silêncio. |
e)
homem, vida cotidiana e saúde. |
Violência nascida no próprio âmago do indivíduo, ela dilacera sua presença e o esgota, dissolve-o no abismo que nele se abriu, esmaga-o no sentimento de um imediato sem nenhuma perspectiva. (1.º parágrafo)
Uma redação alternativa para a frase acima, em que se mantêm a correção e, em linhas gerais, o sentido original, está em:
a)
Violência que, ao nascer no próprio interior do indivíduo, de modo a dilacerar e esgotar sua presença, dissolve-se no abismo que nele foi aberto, esmagando-lhe o sentimento de um imediato sem nenhuma expectativa de futuro. |
b)
Ela, enquanto violência nascida em seu interior, dilacera a presença do indivíduo, em que pese seu esgotamento, dissolvendo-se no abismo que nele passou a existir, esmagando-se no sentimento de um momento sem nenhuma esperança. |
c)
Violência nascida em cuja essência a presença do indivíduo é dilacerada, a ponto de esgotá-lo e de dissolvê-lo no abismo em que se configura, uma vez que o esmaga no sentimento de um presente imediato sem perspectiva. |
d)
Ela é violência que nasce no próprio cerne do indivíduo, de maneira a dilacerar sua presença e a esgotá-lo, a ponto de dissolvê-lo no abismo que nele passa a existir, esmagando-o no sentimento de um presente sem expectativa de futuro. |
e)
Ela, como violência que nasce no interior do indivíduo, cuja presença dilacera e esgota, é dissolvida pelo abismo que nele se abriu, de tal modo que lhe esmaga o sentimento de um tempo presente sem esperança de futuro. |
Considere as frases abaixo.
I. Ao se suprimirem as vírgulas do trecho A dor, juntamente com a morte, é sem dúvida a experiência humana..., o verbo deverá ser flexionado no plural.
II. Na frase Georges Canguilhem acrescenta que ela é um estado de “inconsciência em que o sujeito é de seu corpo”, pode-se acrescentar uma vírgula imediatamente após inconsciência, sem prejuízo para a correção.
III. Na frase De fato, na vida cotidiana o corpo se faz invisível, flexível; sua espessura é apagada pelas ritualidades sociais..., o ponto e vírgula pode ser substituído, sem prejuízo para a correção e o sentido original, por dois-pontos.
Está correto o que se afirma APENAS em
a)
II e III. |
b)
I e II. |
c)
I. |
d)
II. |
e)
I e III. |
Em nossa cultura, ...... experiências ...... passamos soma-se ...... dor, considerada como um elemento formador do caráter, contexto ...... pathos pode converter-se em éthos.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:
a)
às - porque - a - em que |
b)
às - pelas quais - à - de que |
c)
as - que - à - com que |
d)
às - por que - a - no qual |
e)
as - por que - a - do qual |
Para responder à(s) questão(ões) seguinte(s) considere o texto abaixo.
Eu queria usar palavras de ave para escrever. Onde a gente morava era um lugar imensamente e sem [nomeação. Ali a gente brincava de brincar com palavras tipo assim: Hoje eu vi uma formiga ajoelhada na pedra! A Mãe que ouvira a brincadeira falou: Já vem você com suas visões! Porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis e nem há pedras de sacristias por aqui. Isso é traquinagem da sua imaginação. O menino tinha no olhar um silêncio de chão e na sua voz uma candura de Fontes. O Pai achava que a gente queria desver o mundo para encontrar nas palavras novas coisas de ver assim: eu via a manhã pousada sobre as margens do rio do mesmo modo que uma garça aberta na solidão de uma pedra. Eram novidades que os meninos criavam com as suas palavras. Assim Bernardo emendou nova criação: Eu hoje vi um sapo com olhar de árvore. Então era preciso desver o mundo para sair daquele lugar imensamente e sem lado. A gente queria encontrar imagens de aves abençoadas pela inocência. O que a gente aprendia naquele lugar era só ignorâncias para a gente bem entender a voz das águas e dos caracóis. A gente gostava das palavras quando elas perturbavam o sentido normal das ideias. Porque a gente também sabia que só os absurdos enriquecem a poesia. (BARROS, Manoel de, Menino do Mato, em Poesia Com- pleta, São Paulo, Leya, 2013, p. 417-8.)
De acordo com o poema,
a)
os sentidos atribuídos às palavras pelo menino adequavam-se, na verdade, às ideias normais, que, por seu turno, iam constituindo sua compreensão de mundo. |
b)
os absurdos, muito embora concernentes à poesia, eram compreendidos pela mãe como fruto da ignorância do menino. |
c)
as visões a que a mãe se refere são, para o menino, alterações no sentido usual das ideias, com que reinventava o mundo que o cercava. |
d)
as novidades que o mundo apresentava ao menino precisavam de palavras novas para serem descritas, pois a linguagem se mostrava pobre para a imensidão de seu mundo. |
e)
as imagens vistas pelo menino eram reflexo de sua imaginação, livre da linguagem de que fazia uso para descrevê-las |
Considere as frases abaixo.
I. No verso O que a gente aprendia naquele lugar era só ignorâncias, o verbo destacado pode ser flexionado no plural, sem prejuízo para a correção e o sentido original.
II. Em seguida ao termo voz, no verso e na sua voz uma candura de Fontes, pode-se acrescentar uma vírgula, sem prejuízo para a correção e o sentido original.
III. Sem que nenhuma outra alteração seja feita, no verso e nem há pedras de sacristias por aqui, o verbo pode ser substituído por existe, mantendo-se a correção e o sentido original.
Está correto o que se afirma APENAS em
a)
II e III. |
b)
I e III. |
c)
II. |
d)
III. |
e)
I e II. |
Em uma redação em prosa, para um segmento do poema, a pontuação se mantém correta em:
a)
A Mãe, que tinha ouvido a brincadeira, falou: “Já vem você com suas visões!” Porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis, nem há pedras de sacristias por aqui: “Isso é traquinagem da sua imaginação”. |
b)
A Mãe que tinha ouvido a brincadeira, falou: — Já vem você com suas visões! Porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis, nem há pedras de sacristias por aqui: —Isso é traquinagem da sua imaginação. |
c)
A Mãe, que tinha ouvido a brincadeira falou: “Já vem você com suas visões!, porque formigas, nem têm joelhos ajoelháveis, nem há pedras de sacristias por aqui. Isso é traquinagem da sua imaginação”. |
d)
A Mãe que tinha ouvido a brincadeira, falou: “Já vem, você com suas visões!”; porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis e nem há pedras de sacristias por aqui. Isso é traquinagem da sua imaginação. |
e)
A Mãe que, tinha ouvido a brincadeira, falou: “Já vem você com suas visões!” Porque formigas, nem têm joelhos ajoelháveis, nem há pedras de sacristias por aqui. “Isso, é traquinagem da sua imaginação”. |
A frase que admite transposição para a voz passiva está em:
a)
Isso é traquinagem da sua imaginação. |
b)
... nem há pedras de sacristias por aqui. |
c)
Já vem você com suas visões! |
d)
... para sair daquele lugar imensamente e sem lado. |
e)
... para a gente bem entender a voz das águas e dos caracóis. |
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