O estilo de jogo e as celebrações dos torcedores são publicamente reconhecidos no Brasil como traços nacionais. Em um plano, temos o tão celebra- do “futebol-arte” glorificado como a forma genuína de 5 nosso suposto estilo de jogo, e o entusiasmo e os diversos modos de torcer como características típicas de ser brasileiro. Mas, no plano organizacional, não enaltecemos determinados aspectos, uma vez que eles falam de algo indesejado na resolução de obs- 10 táculos da vida cotidiana. Nesse sentido, tais traços do famoso “jeitinho” brasileiro não são considerados como representativos do Brasil que idealizamos. Repetido diversas vezes e vendido para o ex- terior como uma das imagens que melhor retrata o 15 nosso país, o epíteto “Brasil: país do futebol” merece uma investigação mais cuidadosa. Essa ideia foi uma “construção” histórica que teve um papel importante na formação da nossa identidade. Internamente a uti- lizamos, quase sempre, com um viés positivo, como 20 uma maneira de nos sentirmos membros de uma na- ção singular, mais alegre. Não negamos a sua força nem sua eficácia sim- bólica, mas começamos a questionar o papel dessa representação na virada do século, bem como a atual 25 intensidade de seu impacto no cotidiano brasileiro. Se a paixão pelo futebol é um fenômeno que ocorre em diversos países do mundo, o que nos diferencia seria a forma como nos utilizamos dele para cons- truirmos nossa identidade e conquistas em compe- 30 tições internacionais? Observemos, no entanto, que ser um aficionado não significa necessariamente se valer do futebol como metáfora do país. A Copa do Mundo possui uma estrutura narrativa que estimula os nacionalismos. O encanto da com- 35 petição encontra-se justamente no fato de “fingirmos” acreditar que as nações estão representadas por 11 jogadores. O futebol não é a nação, mas a crença de que ele o é move as paixões durante um Mundial. Mas, ao compararmos a situação atual com a car- 40 ga emocional de 1950 e 1970, especulamos sobre a possibilidade de estarmos assistindo a um declínio do interesse pelo futebol como emblema da nação. O jogador que veste a camisa nacional também representa clubes da Europa, além de empresas 45 multinacionais. As marcas empresariais estão amal- gamadas com o fenômeno esportivo. As camisas e os produtos associados a ele são vendidos em todas as partes do mundo. Esse processo de desterritoria- lização do ídolo e do futebol cria um novo processo 50 de identidade cultural. Ao se enaltecer o futebol como um produto a ser consumido em um mercado de en- tretenimento cada vez mais diversificado, sem um projeto que o articule a instâncias mais inclusivas, o que se consegue é esgarçar cada vez mais o vínculo 55 estabelecido em décadas passadas. Se o futebol foi um dos fatores primordiais de integração nacional, sendo a seleção motivo de or- gulho e identificação para os brasileiros, qual seria o seu papel no século 21? Continuar resgatando sen- 60 timentos nacionalistas por meio das atuações da se- leção ou estimulá-los despertando a população para um olhar mais crítico sobre o papel desse esporte na vida do país?
HELAL, R. Ciência Hoje, n. 314. Rio de Janeiro: SBPC e Instituto Ciência Hoje. Maio de 2014. p. 18-23. Adaptado.
A expressão "pátria de chuteiras", que se encontra no título do texto, refere-se à ideia de que o
a)
amor pelo futebol ocorre em vários países porque seus povos são aficionados pelo esporte. |
b)
futebol tem uma força simbólica na formação da identidade nacional do povo brasileiro. |
c)
"jeitinho brasileiro" é uma das formas mais eficientes de vencer partidas e ganhar competições |
d)
jogador de futebol brasileiro destaca-se no mundo inteiro por sua competência e habilidade. |
e)
processo de desterritorialização dos jogadores de futebol cria uma nova identidade cultural. |
Esse texto é um artigo de opinião porque apresenta uma reflexão a respeito de um tema.
Como conclusão, o autor
a)
afirma que o futebol teve importante papel na formação da identidade do povo brasileiro ao longo da nossa história. |
b)
compara os lados positivos e negativos da ideia de que o futebol deve ser entendido como uma metáfora do nosso país. |
c)
onstata que os jogadores estão cada vez mais comprometidos com a crença de que representam seus respectivos países. |
d)
critica erros cometidos no plano organizacional das competições esportivas refletindo defeitos tipicamente brasileiros |
e)
questiona se o futebol continuará a provocar nos brasileiros sentimentos nacionalistas ou despertará atitudes mais críticas. |
A ideia veiculada pela palavra ou expressão destacada está corretamente explicitada entre colchetes em
a)
"no plano organizacional, não enaltecemos determinados aspectos, uma vez que eles falam de algo indesejado" (l 7-9) [causa] |
b)
"Repetido diversas vezes e vendido para o exterior como uma das imagens que melhor retrata o nosso país" (l 13-15) [comparação] |
c)
"Não negamos a sua força nem sua eficácia simbólica, mas começamos a questionar o papel dessa representação" (l 22-24) [alternância] |
d)
"Observemos, no entanto, que ser um aficionado não significa necessariamente se valer do futebol como metáfora do país" (l 30-32) [condição] |
e)
"estimulá-los despertando a população para um olhar mais crítico sobre o papel desse esporte na vida do país?" (l 61-63) [concessão] |
A frase que apresenta o uso da vírgula de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa é:
a)
A Copa do Mundo campeonato mundial que ocorreu no Brasil em junho de 2014, foi marcada pelos erros dos juízes, que deixaram de marcar várias faltas |
b)
A paixão pelo futebol, sem dúvida, é um fenômeno que ocorre em todas as partes do mundo, independente da origem social e geográfica dos torcedores. |
c)
O futebol, com certeza é o esporte que mais emociona o povo brasileiro, devido ao tão celebrado futebol-arte, que empolga os estádios e deslumbra os jornalistas. |
d)
Os clubes europeus e americanos, vêm adquirindo nossos melhores jogadores, além de retirar do país jovens atletas que despontam nos clubes do interior. |
e)
A equipe inteira envolveu-se nos preparativos para o jogo decisivo do campeonato: técnico jogadores, fisioterapeutas, médicos e preparadores físicos |
No trecho "Ao se enaltecer o futebol como um produto a ser consumido" (l 50-51), a palavra destacada pode ser substituída, sem prejuízo do sentido do texto, por
a)
aceitar |
b)
admitir |
c)
exaltar |
d)
conceber |
e)
considerar |
No trecho "Em um plano, temos o tão celebrado futebol-arte glorificado como a forma genuína de nosso suposto estilo de jogo" (l 3-5), a palavra destacada é acentuada graficamente pelo mesmo motivo pelo qual se acentua a palavra
a)
além |
b)
declínio |
c)
dolo |
d)
países |
e)
viés |
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o emprego do sinal indicativo da crase só é possível em:
a)
O alto preço dos ingressos levou a redução do público em alguns estádios brasileiros. |
b)
A maior parte dos jogadores brasileiros está disposta a deixar o país para jogar na Europa. |
c)
Em época de Copa do Mundo, há um esforço crescente dos países para conquistar a taça |
d)
O futebol emociona tanto a população que os produtos ligados a ele têm alta vendagem. |
e)
A imprensa começa a criticar o excessivo endeusamento dos nossos jogadores de futebol. |
No trecho "O estilo de jogo e as celebrações dos torcedores são publicamente reconhecidos no Brasil como traços nacionais" (l 1-3), o adjetivo reconhecidos concorda com o núcleo das expressões estilo de jogo" e celebrações dos torcedores", de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
A mesma justificativa pode ser identificada em
a)
A derrota da Copa de 1950 e o tricampeonato de 1970 são consideradas lembranças inesquecíveis. |
b)
Um festival de gols nos gramados e a alegria da torcida devem ser lembradas como um efeito positivo da Copa de 2014. |
c)
O sucesso dos jogadores e o lucro das empresas obtidas durante o Mundial ganham manchetes no mundo inteiro. |
d)
O comportamento da mídia e as conquistas esportivas são expressivos em época de Copa do Mundo. |
e)
A propaganda de produtos e as discussões sobre os jogos são característicos dos campeonatos esportivos. |
A palavra a que se refere o termo destacado está explicitada entre colchetes em:
a)
"vendido para o exterior como uma das imagens que melhor retrata o nosso país" ( l13-15) [exterior] |
b)
"Essa foi uma 'construção' histórica que teve um papel importante na formação da nossa identidade." ( l16-18) [histórica] |
c)
"Se a paixão pelo futebol é um fenômeno que ocorre em diversos países do mundo, o que nos diferencia seria a forma como nos utilizamos dele" (l 26-28) [fenômeno] |
d)
"A Copa do Mundo possui uma estrutura narrativa que estimula os nacionalismos." (l 33-34) [narrativa] |
e)
"em um mercado de entretenimento cada vez mais diversificado, sem um projeto que o articule a instâncias mais inclusivas" (l 51-53) [entretenimento] |
A concordância verbal está de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa em:
a)
É preciso que não se considere essas características do famoso jeitinho brasileiro como o ideal a atingir no nosso projeto de nação. |
b)
A população exige que se estabeleça regras mais rígidas para coibir os atos de agressão entre atletas no decorrer de eventos esportivos. |
c)
Um exemplo do estilo de jogo, nos últimos campeonatos, que deslumbraram plateias do mundo inteiro, foi o dos jogadores holandeses. |
d)
A decisão dos juízes sobre os procedimentos a serem implementados no decorrer das partidas serão decisivos para evitar violência. |
e)
Os jornais noticiaram que o responsável pelos episódios violentos que ocorreram nas últimas partidas foi punido exemplarmente. |
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