1 Pacifistas que se sentam na frente de bases militares,
a fim de impedir que armamentos sejam deslocados,
ecologistas que seguem navios cheios de lixo radioativo, a
4 fim de impedir que ele seja despejado no mar, Antígona que
enterra seu irmão: em todos esses casos, o Estado de direito
é quebrado em nome de um embate em torno da justiça.
7 No entanto, é graças a ações como essas que direitos
são ampliados, que a noção de liberdade ganha novos
matizes. Sem elas, certamente nossa situação de exclusão
10 social seria significativamente pior. Nesses momentos,
encontramos o ponto de excesso da democracia em relação
ao direito. Uma sociedade que tem medo desses momentos,
13 que não é mais capaz de compreendê-los, é uma sociedade
que procura reduzir a política a um mero acordo referente
às leis que atualmente temos e aos modos que atualmente
16 temos para mudá-las.
No fundo, esta é uma sociedade que tem medo da
política e que gostaria de substituí-la pela polícia. Pois a
19 violação política nada tem a ver com a tentativa de destruição
física ou simbólica do outro, do opositor, como vemos na
violência estatal contra setores descontentes da população ou
22 em golpes de Estado. Antes, ela é a força da urgência de
exigências de justiça.
Vladimir Safatle. A democracia para além do Estado de direito? In: Revista Cult, n.º 137, jul./2009, ano 12 (com adaptações).
No que se refere à organização das ideias e às estruturas linguísticas do texto, julgue o(s) item(ns) subsequente(s):
Os eventos citados nas orações iniciadas por "Pacifistas"(L.1), "ecologistas" (L.3) e "Antígona" (L.4) constituem argumentos que comprovam a tese do texto: a ampliação de direitos pode resultar da violação política.
Certa. |
Errada. |
Com o emprego do modo subjuntivo em "sejam" (L.2) e "seja" (L.4), o autor põe em dúvida os fatos expressos nas ações de deslocar e de despejar, respectivamente.
Certa. |
Errada. |
No texto, a expressão "Nesses momentos" (L.10) retoma o tempo de acontecimento de "ações como essas" (L.7).
Certa. |
Errada. |
Na linha 12, a vírgula empregada depois de "momentos" tem a função de marcar o início de uma inserção, de uma explicação adicional para a caracterização de "Uma sociedade".
Certa. |
Errada. |
Preservam-se as relações entre as ideias, bem como o respeito às regras gramaticais, ao se escrever os compreender, em lugar de "compreendê-los" (L.13), e as mudar, em lugar de "mudá-las" (L.16).
Certa. |
Errada. |
A presença da preposição a, nas expressões "às leis" e "aos modos", ambas na linha 15, mostra que são dois os complementos de "referente" (L.14) que caracterizam "acordo" (L.14).
Certa. |
Errada. |
Na organização da textualidade, o vocábulo "Antes" (L.22) tem valor temporal e indica que a ideia de ser "força da urgência de exigências de justiça" (L.22-23) antecede as ideias do período sintático anterior.
Certa. |
Errada. |
1 O pior poder coator, o poder mais bárbaro, aquele que
infunde o terror mais extremo, é o poder imprevisível, sobre
cujos procedimentos, reações e intervenções não é possível
4 formular qualquer antecipação racional.
Compreende-se facilmente a tese: digamos que um
monstro gigantesco habite nossa rua e o pequeno mundo em
7 que estamos confinados. Se esse Leviatã mantiver hábitos
regulares, agindo, portanto, segundo formas de ação
previsíveis, acabaremos por aprender a conviver com ele,
10 adaptando-nos a suas idiossincrasias e a seus padrões
reativos. Aprenderemos, por exemplo, pela experiência
reiterada, que só podemos caminhar pelo lado direito da rua,
13 nos dias pares. De início, faremos esforço para evitar
confusões entre os dias pares e ímpares, confusões que
poderão custar a vida sob as patas do Leviatã. Em
16 alguns anos, estaremos adaptados e acostumados à nova
realidade. Em algumas gerações, as regras para caminhar
sem riscos na rua serão parte da tradição cultural e do
19 processo de socialização das crianças, desde a mais tenra
idade. Considere-se, agora, a hipótese contrária: Leviatã é
imprevisível, suas ações não obedecem a qualquer lógica;
22 suas reações não seguem qualquer regra. A vida, na rua,
tornar-se-á um caos; seus moradores não sairão de suas casas
e, mesmo assim, sofrerão diariamente o horror mais radical.
25 Sair de casa significará risco extremo, e cada passo, na rua,
será vivenciado como a aventura derradeira. Inviável tentar
proteger-se com cálculos estratégicos e previsões racionais.
28 Nesse contexto, não há como aprender com a experiência,
porque ela não se repete.
Luiz Eduardo Soares. A ética e o intelectual no século XXI. In: Ari Roitman. O desafio ético. São Paulo: Garamond, 2000, p. 69-71 (com adaptações).
A partir da organização das ideias no texto, julgue o(s) item(ns), com relação às estruturas linguísticas nele apresentadas:
As relações sintático-semânticas que o pronome "cujos" (L.3) estabelece no texto podem também ser estabelecidas pela expressão com que; por isso, a substituição daquele pronome por esta expressão preservaria a coerência entre os argumentos e a correção gramatical do texto.
Certa. |
Errada. |
Enfatiza-se a argumentação ao se utilizar "antecipação racional" (L.4) no plural, antecipações racionais; mas, para que também seja preservada a correção gramatical, é obrigatório flexionar no plural "é" (L.3) escrevendo-se são, e "qualquer" (L.4), escrevendo-se quaisquer.
Certa. |
Errada. |
Depreende-se da leitura do texto que "a tese" (L.5) está proposta no período inicial e para ela conflui a argumentação do texto.
Certa. |
Errada. |
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