Um congresso recente, em Veneza, dedicou-se à questão da efemeridade dos suportes de informação, desde a tábua de argila, o papiro e o pergaminho até o livro impresso e os atuais meios eletrônicos. O livro impresso, até agora, demonstrou que sobrevive bem por 500 anos, mas só quando se trata de livros feitos de papel de trapos. A partir de meados do século XIX, passou-se ao papel de polpa de madeira, e parece que este tem uma vida máxima de 70 anos (com efeito, basta consultar jornais ou livros dos anos de 1940 para ver como muitos se desfazem ao ser folheados). Há muito tempo se realizam estudos para salvar todos os livros que abarrotam nossas bibliotecas; uma das soluções mais adotadas é escanear todas as páginas e passá-las para um suporte eletrônico.
Mas aqui surge outro problema: todos os suportes para a transmissão e a conservação de informações, da foto ao filme, do disco à memória do computador, são mais perecíveis que o livro. As velhas fitas cassetes, com pouco tempo de uso se enrolavam todas, e saíam mascadas; as fitas de vídeo perdem as cores e a definição com facilidade. Tivemos tempo suficiente para ver quanto podia durar um disco de vinil sem ficar riscado demais, mas não para verificar quanto dura um CD-ROM, que, saudado como a invenção que substituiria o livro, ameaça sair rapidamente do mercado, porque podemos acessar on line os mesmos conteúdos por um custo menor. Sabemos que todos os suportes mecânicos, elétricos ou eletrônicos são rapidamente perecíveis, ou não sabemos quanto duram e provavelmente nunca chegaremos a saber. Basta um pico de tensão, um raio no jardim para desmagnetizar uma memória. Se houvesse um apagão bastante longo, não poderíamos usar nenhuma memória eletrônica.
Os suportes modernos parecem criados mais para a difusão do que para a conservação das informações. É possível que, dentro de alguns séculos, a única forma de ler notícias sobre o passado continue sendo a consulta a um velho e bom livro. Não, não sou um conservador reacionário. Gravei em disco rígido portátil de 250 gigabytes as maiores obras primas da literatura universal. Mas estou feliz porque os livros continuam em minha biblioteca – uma garantia para quando os instrumentos eletrônicos entrarem em pane.
(Adaptado de Umberto Eco – UOL – Notícias – NYT/ 26/04/2009)
É correto deduzir das afirmações do texto que:
a)
a confiabilidade de suportes simples pode superar a dos mais complexos. |
b)
a limitação da mídia eletrônica revela-se na transmissão de informações. |
c)
já houve tempo suficiente para se precisar a durabilidade do disco rígido. |
d)
a obsolescência de todos os suportes de informação tem a mesma causa. |
e)
os livros feitos de papel de trapo não resistem mais que cinco séculos. |
Analisando diferentes mídias, o autor tem sua atenção voltada, sobretudo, para:
a) o grau de obsolescência dos livros antigos, mormente os centenários.
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b) a conservação dos livros, que se vem revelando cada vez mais precária.
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c) o conservadorismo de quem rejeita os suportes modernos de informação.
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d) a preservação das informações, quaisquer que sejam seus suportes.
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e) a fidedignidade das informações que circulam em suportes eletrônicos.
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Atente para as seguintes afirmações:
I. No primeiro parágrafo, afirma-se que vem sendo processada a cópia eletrônica de livros para preservar a massa de informações dos volumes que lotam nossas bibliotecas.
II. No segundo parágrafo, considera-se não apenas a efemeridade dos últimos suportes de mídia, mas também aspectos éticos envolvidos na transmissão de informações on-line.
III. No terceiro parágrafo, o autor sugere que informações impressas em livro estão mais seguras do que as que se vêem processando em suportes mais avançados.
Está correto o que se afirma em:
a) III, apenas.
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b) II e III, apenas.
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c) I, II e III.
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d) I e II, apenas.
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e) I e III, apenas.
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O autor nega que seja um conservador reacionário – negativa que pode ser justificada atentando-se para o segmento:
a)
consulta a um velho e bom livro. |
b)
Gravei em disco rígido portátil. |
c)
mais para a difusão do que para a conservação das informações. |
d)
única forma de ler notícias sobre o passado. |
e)
os livros continuam em minha biblioteca. |
Está adequada a correlação entre tempos e modos verbais na frase:
a) O autor nos lembra que as velhas fitas cassetes, com o uso constante, enrolavam-se e mascavam-se, o que logo as tinha tornado obsoletas.
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b) Caso fosse outro o tema do congresso realizado em Veneza, o autor, amante dos livros, provavelmente não o havia tomado para comentar.
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c) Terá sido uma surpresa para muita gente inteirar-se do fato de que, antigamente, livros se confeccionarão com papel feito de trapos.
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d) Talvez a ninguém ocorresse, antes de ler esse texto, que a durabilidade dos velhos livros pudesse ser reconhecidamente superior à dos novos suportes.
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e) A cada vez que surge um novo suporte de informações, ter-se-ia a impressão de que ele se revelasse o mais seguro e mais duradouro.
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Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
a) Umberto Eco, reconhecido ensaísta italiano, dedica-se com frequência à analisar temas modernos, de cujo estudo muito tem colaborado.
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b) Muita gente ignora o fato revelado pelo autor, no qual se informa que já houve livros cuja fabricação se valia de um resistente papel de trapos.
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c) Em Veneza realizou-se o congresso aonde se discutiu a questão de que a efemeridade dos suportes de informação revela-se bastante precária.
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d) Ainda há muitos livros em sebos, feitos de papel de polpa de madeira, que provaram ter resistido há mais de cem anos de impressão.
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e) O autor, um intelectual italiano que já não é jovem, pôde comprovar e comparar a qualidade e a durabilidade de diversos suportes de informação.
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As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas na construção da seguinte frase:
a) Diferentemente do que ocorre com livros muito antigos, que se vêm revelando muito resistentes, os de hoje ressentem-se do uso constante.
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b) Caso deixassem de haver as grandes bibliotecas de hoje, é possível que os homens do futuro não pudessem interpretar plenamente a nossa cultura.
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c) Confia-se a um suporte eletrônico incontáveis informações, mas não se podem avaliar com segurança quanto tempo permanecerão disponíveis.
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d) Ainda que só venha a restar da nossa época algumas boas bibliotecas, elas serão suficientes para dar notícia do que pensamos e criamos.
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e) Atribuem-se a picos de tensão ou raios ocasionais a causa de muita perda de informações, que se julgavam preservadas numa memória eletrônica.
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Na frase Mas aqui surge outro problema, o termo em destaque exerce a mesma função sintática que o termo sublinhado em:
a)
Não, não sou um conservador REACIONÁRIO. |
b)
Tivemos TEMPO suficiente para ver quanto podia durar um disco de vinil (...) |
c)
(...) as FITAS de vídeo perdem as cores e a definição com facilidade. |
d)
Um congresso recente, em Veneza, dedicou-se à questão da EFEMERIDADE dos suportes de informação (...) |
e)
Sabemos que todos os suportes mecânicos, elétricos ou eletrônicos, são rapidamente PERECÍVEIS (...) |
Os suportes modernos parecem criados mais para a difusão do que para a conservação das informações.
Preserva-se o sentido essencial da frase acima nesta outra correta redação:
a) Difundir, mas não conservar, eis o que se conclui acerca dos suportes modernos, criados para vincular informações.
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b) Criados os suportes modernos, revelaram-se mais produtivos quanto à difusão do que para conservar as informações.
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c) É na difusão, e não na conservação das informações, que os suportes modernos revelam maior eficácia.
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d) Uma vez que foram criados para difundir informações, os suportes modernos tem sua conservação muito menos eficaz.
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e) Embora criados para difundir e conservar as informações, os suportes modernos não revelam a mesma eficácia.
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Verifica-se correta transposição de uma para outra voz verbal no seguinte caso:
a)
os livros continuam em minha biblioteca (3.º parágrafo) = os livros têm continuado em minha biblioteca. |
b)
podemos acessar os mesmos conteúdos = os mesmos conteúdos podem ser acessados. |
c)
dedicou-se à questão (1.º parágrafo) = a ela foi dedicada. |
d)
se realizam estudos (1.º parágrafo) = estudos sejam realizados. |
e)
Gravei (...) obras primas (3.º parágrafo) = tinham sido gravadas obras primas. |
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