No Rumo Certo
Dossiê Polícia-Futuro
1 Não fosse pela farda, o comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Renato de Souza, 46 anos, em nada lembraria um policial. Gestos suaves, vocabulário preciso, ele parece um acadêmico. É quase isso. Presença constante em seminários e congressos sobre segurança pública, Souza tem um currículo de tipo incomum no Brasil, 5 mas que começa a ser usual nas melhores polícias do mundo. À tradicional formação como policial, ele incorpora o mestrado em administração pública e a especialização, na Academia de Polícia do FBI, na Virgínia, em gestão de crises e ainda curso de gerenciamento de empresas. Souza faz parte de uma nova geração com formação de qualidade em administração e estudos criminais que está ascendendo na hierarquia da 10 segurança pública. Foi o primeiro a ocupar cargo tão alto e um sinal visível de que, finalmente, se começa a perceber no país como é importante estabelecer uma integração entre os que pensam a segurança nas universidades e os que combatem a violência nas ruas. Isso é importante porque rompe com a ideia paralisante de que para combater a 15 violência é preciso antes mudar o mundo. Durante muito tempo vigorou esse conceito nefasto de que seria impossível combater a violência e a criminalidade sem atacar primeiro as mazelas sociais. Havia por trás disso a visão distorcida de que bandidos são vítimas da sociedade - um anacronismo que, felizmente, começa a ser sepultado. Nas palavra do Prêmio Nobel de Economia de 1992, o economista Gary Becker, da Universidade de 20 Chicago: "É um mito criado por intelectuais a ideia de que é impossível combater o crime porque ele é fortemente relacionado com a pobreza e só pode ser reduzido com drásticas reformas sociais". Um dos fundadores dos estudos do comportamento humano por meio das fórmulas econômicas, Becker mostrou com clareza que o número de crimes baixa quando sobe o 25 número de criminosos presos. É obvio. Mas o óbvio ficou décadas escondido sob a argumentação de que é necessário melhorar primeiro as condições de vida das regiões onde se encontra a maioria dos criminosos violentos para depois esperar baixar os índices de banditismo. Diz ele: "Não é preciso esperar uma geração para que mudanças na 29 educação e na moralidade tenham efeito na atenuação do crime". (...)
(Por Ronaldo França. Revista Veja. Edição 2141 – ano 42 – n.º 48 – de 2 de dezembro de 2009 – p. 162)
Pela leitura do Texto I, infere-se, CORRETAMENTE, que:
a)
em relação aos policiais, a sociedade cultiva uma imagem de pessoas grosseiras, sem educação, rudes; |
b)
a imagem grosseira que se cultivava em relação aos policiais hoje já foi completamente substituída por uma imagem de pessoa delicada e bem educada; |
c)
os policiais devem ser identificados somente pela farda que usam; |
d)
os policiais têm vocabulário muito pobre; |
e)
um policial não precisa estudar para ser educado e para combater a violência de forma mais eficiente. |
Conforme as ideias apresentadas no Texto I:
a)
a violência ocorre com mais intensidade e com mais freqüência nas áreas em que a pobreza é mais acentuada, nos grandes centros urbanos; |
b)
atacando-se as "mazelas sociais", inevitavelmente a violência estará sendo atacada; |
c)
é um equívoco lamentável considerar-se que há uma relação entre pobreza e violência como sendo uma relação de causa e consequência; |
d)
a sociedade como um todo é responsável pelo surgimento da violência e dos bandidos porque não assiste os mais pobres nas suas necessidades mais básicas; |
e)
as "reformas sociais", por si só, são suficientes para que ocorra um decréscimo no índice de violência nas grandes cidades. |
De acordo com o texto é CORRETO afirmar que:
a)
a ascensão na hierarquia da segurança pública sempre foi vinculada a uma formação universitária bastante sólida; |
b)
as universidades devem elaborar as estratégias de ação relativas ao combate à violência e à polícia cabe a tarefa de executar os planos, sem questionamentos; |
c)
a violência se combate nas ruas e não obedecendo às estratégias traçadas pelas universidades; |
d)
o êxito de qualquer operação de combate à violência das ruas está vinculado à obediência a uma hierarquia existente dentro dos quartéis; |
e)
o êxito do projeto de combate à violência e à criminalidade depende da sintonia que deve existir entre aqueles que planejam e os que executam semelhante tarefa. |
Observe o trecho abaixo para responder à questão.
"Isso é importante porque rompe com a ideia paralisante de que para combater a violência é preciso antes mudar o mundo." (l. 14-15)
Considerando-se as ideias do Texto I é CORRETO afirmar que a expressão destacada:
a)
demonstra a neutralidade do autor quanto à ideia de que em todo ambiente pobre há violência; |
b)
conduz à compreensão de que se a "ideia" não fosse "paralisante" não haveria violência nas grandes cidades brasileiras; |
c)
ressalta a situação de enfraquecimento das iniciativas advindas da segurança pública no combate à violência nas periferias das grandes cidades brasileiras; |
d)
sinaliza para uma avaliação negativa do autor quanto à vinculação que se tem estabelecido entre violência e pobreza; |
e)
aponta para um posicionamento favorável do autor de que primeiro se deve enfrentar as mazelas sociais, para depois combater a violência. |
Assinale a alternativa em que a palavra dada pode substituir a palavra apresentada no texto sem que o sentido expresso no Texto I seja alterado.
a)
"ascendendo" (l. 09) / decrescendo; |
b)
"nefasto" (l. 16) /sinistro; |
c)
"mazelas" (l. 17) / maldades; |
d)
"anacronismo" (l. 18) / mau uso; |
e)
"drásticas" (l . 21) / rudes. |
Das alternativas abaixo, apenas uma contém um segmento do texto cujo trecho destacado foi empregado em sentido conotativo. Assinale-a.
a)
"... Souza tem um currículo de tipo incomum no Brasil, ... " (l. 04). |
b)
"À tradicional formação como policial, ele incorpora o mestrado em administração pública ..." (l. 05-06). |
c)
"... um anacronismo que, felizmente, começa a ser sepultado." (l. 18). |
d)
"... só pode ser reduzido com drásticas reformas sociais ..." (l. 21-22). |
e)
"...o número de crimes baixa quando sobe o número de criminosos presos." (l. 24-25). |
Considerando-se as estruturas linguísticas a partir das quais se encontram organizadas as informações do Texto I, especialmente no que se refere aos aspectos morfológicos, é CORRETO afirmar que:
a)
em: "...entre os que pensam a segurança nas universidades e os que combatem a violência..." (l. 12), as palavras destacadas desempenham a mesma função textual que desempenharia a palavra "aqueles", neste contexto; |
b)
em: "incomum" (l. 04) e em: "incorpora" (l. 06), os segmentos destacados conferem à palavra à qual se agregam uma idéia de negação; |
c)
a correção gramatical normativa e a compreensão das ideias veiculadas no texto seriam mantidas se o trecho "... a especialização, na Academia de Polícia do FBI, na Virgínia, em gestão de crises e ainda curso de gerenciamento de empresas." (l. 06-08) fosse reescrito da seguinte forma "... a especialização, na Academia de Polícia do FBI, na Virgínia, em gestões de crises e ainda cursos de gerenciamentos de empresas."; |
d)
em: "Souza faz parte de uma nova geração ..." (l. 08) e em: "...que está ascendendo na hierarquia da segurança pública." (l. 09-10), as palavras destacadas exercem a mesma função morfológica neste contexto; |
e)
dadas a sua função morfológica e a sua importância, a palavra "finalmente" (l. 11) poderia ser retirada do texto sem que houvesse qualquer alteração de sentido e nem mesmo de sinalização do posicionamento do autor em relação à discussão. |
Do ponto de vista das ideias do Texto I e da forma como, linguisticamente, elas são apresentadas, é CORRETO afirmar que:
a)
em: "Não fosse pela farda, o comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Renato de Souza, 46 anos, em nada lembraria um policial.", substituindo-se a forma verbal destacada pela forma "lembrou" o sentido e a correção gramatical continuam inalterados; |
b)
quanto à função morfológica que desempenham no texto, são equivalentes as palavras destacadas em: "... ele parece um acadêmico." (l. 03) e "... começa a ser usual nas melhores polícias do mundo." (l. 05); |
c)
em: "...para combater a violência é preciso antes mudar o mundo." (l. 14-15), a palavra destacada sugere a exclusão de uma das ações mencionadas; |
d)
em: "É um mito criado por intelectuais a ideia de que é impossível combater o crime porque ele é fortemente relacionado com a pobreza..." (l. 20-21), o pronome em destaque retoma a palavra "mito"; |
e)
em: "Mas o óbvio ficou décadas escondido ..." (l. 25), subentende-se entre "ficou" e "décadas" o segmento "durante muitas". |
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação INCORRETA, observando as relações sintáticas estabelecidas entre os termos em destaque.
a)
Nos trechos "Souza faz parte de uma nova geração ..." (l. 08) e "Foi o primeiro a ocupar cargo tão alto ..." (l. 10), os termos em destaque têm em comum o sujeito gramatical. |
b)
No trecho: "... os que pensam a segurança nas universidades e os que combatem a violência nas ruas." (l. 12-13), a relação sintática estabelecida entre "a segurança" e "pensam" é a mesma que se verifica entre "a violência" e "combatem". |
c)
Observa-se na sequência: "...bandidos são vítimas da sociedade ..." (l. 17-18), o emprego da preposição "de" como exigência de "vítimas" e o artigo "a" como exigência do substantivo "sociedade". |
d)
Em: "Havia por trás disso a visão distorcida ..." (l. 17), se substituirmos a sequência em destaque por "as visões distorcidas" a forma verbal "Havia" tomará a sua forma de plural "Haviam", para que a correção gramatical se mantenha. |
e)
Em: "mazelas sociais" (l. 17) e "reformas sociais" a palavra "sociais" estabelece, em cada ocorrência, com seu respectivo antecedente, a mesma relação sintática. |
Assinale a alternativa em que a oração destacada estabelece com a oração que a antecede ou que a sucede uma relação de condição.
a)
"Souza tem um currículo de tipo incomum no Brasil, mas que começa a ser usual nas melhores polícias do mundo." (l. 04-05). |
b)
"Não fosse pela farda, o comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Renato de Souza, 46 anos, em nada lembraria um policial." (l. 01-02). |
c)
"... é impossível combater o crime porque ele é fortemente relacionado com a pobreza ..." (l. 20-21). |
d)
"... é necessário melhorar primeiro as condições de vida das regiões onde se encontra a maioria dos criminosos violentos para depois esperar baixar os índices de banditismo." (l. 26-28). |
e)
""Não é preciso esperar uma geração para que mudanças na educação e na moralidade tenham efeito na atenuação do crime"." (l. 28-29). |
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