1 A participação política feminina encontra-se
estagnada no Brasil, raramente ultrapassando 10%
das cadeiras disponíveis no Congresso Nacional.
Além disso, os postos de direção das Casas quase
nunca são exercidos por deputadas e senadoras:
do total de vinte comissões permanentes existentes
na Câmara dos Deputados e onze no Senado
Federal, apenas quatro são presididas por mulheres
(12% do total).
2 Outros dados negativos ligados à
participação feminina são a inexistência de
mulheres líderes de bancadas partidárias na
legislatura atual e de presidentas ao longo de toda a
história das duas principais casas legislativas. As
mulheres também têm atuação limitada à discussão
de projetos ligados ao movimento feminista e, para
conseguirem atenção, são obrigadas a
"masculinizar" suas imagens, adotando discursos
agressivos, típicos de quem precisa lutar muito para
ocupar um espaço.
3 É claro que há exceções. Nos últimos anos,
algumas políticas conseguiram destaque na cena
nacional. O Pará, o Rio Grande do Sul e o Rio
Grande do Norte são governados por mulheres. Na
última eleição presidencial, a ex-senadora Heloísa
Helena obteve a terceira colocação, com 6% dos
votos válidos. No Senado, a catarinense Ideli
Salvatti é a atual líder do governo. Pensando
adiante, há grandes chances de termos uma
candidata à Presidência da República, com
possibilidades de vitória.
4 A ausência de mulheres torna o sistema
político brasileiro míope. Simplesmente não
conseguimos processar as demandas específicas
da maior parte da população. Por exemplo. Há
possibilidade de tomar-se alguma decisão sobre o
direito ao aborto sem ouvir a principal interessada, a
mulher?
5 A atrofia da representação feminina se deve
à estrutura de preconceitos existente na sociedade
brasileira. Há poucas mulheres na política pela
mesma razão que explica os salários mais baixos
do que os recebidos pelos homens para o exercício
das mesmas funções, os altos índices de violência
doméstica, sexual, etc. Portanto, a presença
feminina deve aumentar na medida em que os
brasileiros mudarem a forma como tratam suas
mulheres.
6 Entretanto, uma mudança cultural pode ser
lenta demais, e as mulheres não podem esperar
tanto. É possível utilizar a política para acelerar a
aquisição de direitos e o fim do deficit de
reconhecimento que as atinge. Uma sugestão
válida é aprovar políticas afirmativas para promover
novas parlamentares às casas legislativas. Ao invés
de termos cotas de candidatas, por que não
criarmos cotas de cadeiras no Parlamento? O
Congresso Nacional pode aprovar uma lei
reservando no mínimo 30, 40 ou 50% das vagas
para serem ocupadas obrigatoriamente por
mulheres.
7 O principal argumento contra a adoção de
cotas para mulheres no Parlamento afirma que
elegeríamos vereadoras, deputadas e senadoras
despreparadas para a função, dado que só
chegariam lá por conta da nova lei. No entanto, o
aporte de novas protagonistas permitiria o
"peneiramento" de novas líderes. Aquelas que não
estivessem à altura da missão seriam excluídas na
próxima eleição. É a democracia em ação!
8 Os benefícios de uma política dessa
natureza seriam enormes. A começar pelo seu
efeito educativo. Ao assistir mulheres tomando
decisões, participando de debates e dando
entrevistas para os principais jornais, milhões de
meninas entenderiam que o mundo da política
também pertence a elas. Daí resultaria um enorme
ciclo virtuoso, com o aumento da
representatividade, da competição e da qualidade
no Brasil.
9 Nosso país se tornará grande apenas
quando conseguir delimitar e enfrentar seus
problemas. Isso inclui corrigir injustiças e ter
coragem para inovar, para mudar. Esta é uma ótima
oportunidade para mostrar ao mundo o novo Brasil
que todos desejamos ver nascer, respeitoso e justo,
independente do sexo. E, tratando-se de
nascimento, ninguém melhor do que as mulheres
para nos ensinar como é que se faz.
(BARRETO, Leonardo. Jornal do Brasil, 17/03/09, p. A6.
Com adaptações.)
Pela leitura integral e atenta do texto, considerando-se os argumentos e contraargumentos presentes, pode-se afirmar que o objetivo do autor do texto foi:
a)
demonstrar que o raquitismo da participação política do contingente feminino no Brasil decorre de preconceitos históricos contra a mulher, dos quais a sociedade só vai se libertar quando tiver coragem para mudar e corrigir as injustiças; |
b)
estimular as mulheres a lutar por seus direitos políticos, buscando uma participação mais efetiva no Parlamento, para poderem decidir sobre assuntos de seu interesse, como o aborto; |
c)
mostrar que a maior participação feminina na atividade política no Brasil depende fundamentalmente do esforço das mulheres, pois exemplos é que não faltam, haja vista as governadoras, deputadas e senadoras que exercem mandato político; |
d)
convencer a sociedade brasileira, principalmente o contingente masculino, de que a participação mais efetiva e numerosa das mulheres na política é essencial para a democracia, pois o fato de as mulheres não poderem ser eleitas torna o sistema político míope; |
e)
sugerir ao Parlamento a aprovação de uma lei que estabeleça cotas de vagas para as mulheres no Senado, a fim de que elas possam efetivamente gozar de um espaço político mais amplo, aperfeiçoando o sistema atual. |
Considerando-se as relações de sentido existentes entre os parágrafos do texto, pode-se afirmar que está INCORRETA a afirmação contida em:
a)
no 2.º parágrafo, acrescentam-se dados que ratificam ponto de vista apresentado e desenvolvido no 1.º parágrafo; |
b)
no 3.º parágrafo, apresentam-se informações que contrariam, por exceção, ponto de vista desenvolvido nos parágrafos anteriores; |
c)
no 5.º parágrafo, é desenvolvido argumento que comprova a tese apresentada no 4.º parágrafo; |
d)
no 6.º parágrafo, ocorre uma contradição argumentativa, pela incoerência de se iniciar o parágrafo com o conector “entretanto”; |
e)
no 7.º parágrafo, tem-se um argumento contrário ao ponto de vista apresentado no 6º parágrafo, contraditado por outro que confirma o ponto de vista dominante no texto. |
O período “Nosso país se tornará grande apenas quando conseguir delimitar e enfrentar seus problemas” (9.º parágrafo) foi reescrito abaixo de cinco formas distintas, alterando-se a posição do termo “apenas”. Das cinco alterações, foi mantido o sentido original do texto em:
a)
Apenas nosso país se tornará grande quando conseguir delimitar e enfrentar seus problemas. |
b)
Nosso país apenas se tornará grande quando conseguir delimitar e enfrentar seus problemas. |
c)
Nosso país se tornará apenas grande quando conseguir delimitar e enfrentar seus problemas. |
d)
Nosso país se tornará grande quando apenas conseguir delimitar e enfrentar seus problemas. |
e)
Nosso país se tornará grande quando conseguir apenas delimitar e enfrentar seus problemas. |
Das modificações feitas abaixo na redação da última oração do período “O principal argumento contra a adoção de cotas para mulheres no Parlamento afirma que elegeríamos vereadoras, deputadas e senadoras despreparadas para a função, dado que só chegariam lá por conta da nova lei” (7.º parágrafo), aquela em que houve alteração substancial do sentido original é:
a)
pelo fato de que só chegariam lá por conta da nova lei. |
b)
porquanto só chegariam lá por conta da nova lei. |
c)
visto que só chegariam lá por conta da nova lei. |
d)
uma vez que só chegariam lá por conta da nova lei. |
e)
a despeito de que só chegariam lá por conta da nova lei. |
Leia com atenção o fragmento: “A ausência de mulheres torna o sistema político brasileiro míope. Simplesmente não conseguimos processar as demandas específicas da maior parte da população.” (4.º parágrafo). Reescrevendo-se os dois períodos em um único período, com a utilização do conectivo adequado, pode-se afirmar que a redação que mantém o sentido original do texto é:
a)
A ausência de mulheres torna o sistema político brasileiro míope; não obstante isso simplesmente não conseguimos processar as demandas específicas da maior parte da população. |
b)
A ausência de mulheres torna o sistema político brasileiro míope; em decorrência disso simplesmente não conseguimos processar as demandas específicas da maior parte da população. |
c)
A ausência de mulheres torna o sistema político brasileiro míope; em conformidade com isso simplesmente não conseguimos processar as demandas espec íficas da maior parte da população. |
d)
A ausência de mulheres torna o sistema político brasileiro míope; apesar disso simplesmente não conseguimos processar as demandas específicas da maior parte da população. |
e)
A ausência de mulheres torna o sistema político brasileiro míope; na hipótese disso simplesmente não conseguimos processar as demandas específicas da maior parte da população. |
Leia com atenção os dois fragmentos a seguir, analisando o significado de cada uma das palavras em destaque: “A participação política feminina encontra-se ESTAGNADA no Brasil” (1.º parágrafo) / “adotando discursos agressivos, TÍPICOS de quem precisa lutar muito para ocupar um espaço” (2.º parágrafo). Podem substituir as palavras em destaque nos fragmentos acima, sem prejuízo do sentido, respectivamente, as palavras do seguinte par:
a)
estancada / próprios; |
b)
progredida / peculiares; |
c)
detida / insólitos; |
d)
jorrada / específicos; |
e)
cristalizada / emblemáticos. |
No(s) item(ns), foram transcritos trechos do texto e neles estão em destaque termos responsáveis pelas relações de coesão textual. Está INCORRETA a interpretação dada ao sentido do termo destacado em:
a)
“ALÉM DISSO, os postos de direção das Casas quase nunca são exercidos por deputadas e senadoras” (1º parágrafo) / adição; |
b)
“PORTANTO, a presença feminina deve aumentar na medida em que os brasileiros mudarem a forma como tratam suas mulheres” (5º parágrafo) / conclusão; |
c)
“ENTRETANTO, uma mudança cultural pode ser lenta demais, e as mulheres não podem esperar tanto” (6º parágrafo) / oposição; |
d)
“AO INVÉS DE termos cotas de candidatas, por que não criarmos cotas de cadeiras no Parlamento?” (6º parágrafo) / alternância; |
e)
“NO ENTANTO, o aporte de novas protagonistas permitiria o “peneiramento” de novas líderes” (7º parágrafo) / contraste. |
No trecho “típicos de quem precisa lutar muito para ocupar um espaço” (2.º parágrafo), pode-se depreender um pensamento em cuja construção há uma relação de sentido que pode ser definida como de:
a)
causa e consequência; |
b)
hipótese e condição; |
c)
concessão e restrição; |
d)
conclusão e explicação; |
e)
meio e fim. |
Nos trechos, transcritos do texto, foram destacados pronomes possessivos e indicados os respectivos termos que eles substituem no texto. A indicação que NÃO corresponde ao termo substituído é:
a)
“O Brasil precisa incluir SUAS mulheres” (título) / Brasil; |
b)
“são obrigadas a ‘masculinizar’ SUAS imagens” (2º parágrafo) / movimento feminista; |
c)
“a presença feminina deve aumentar na medida em que os brasileiros mudarem a forma como tratam SUAS mulheres” (5º parágrafo) / brasileiros; |
d)
“A começar pelo SEU efeito educativo” (8º parágrafo) / política dessa natureza; |
e)
“Nosso país se tornará grande apenas quando conseguir delimitar e enfrentar SEUS problemas” (9º parágrafo) / nosso país.. |
Considere o significado e o valor gramatical dos sufixos formadores das palavras NASCIMENTO e REPRESENTATIVIDADE.Dos itens, aquele em que as palavras são formadas, respectivamente, por sufixos sinônimos dos sufixos das palavras é:
a)
legislatura / vadiagem; |
b)
passeata / amplidão; |
c)
partidário / jornalista; |
d)
beleza / viuvez; |
e)
vidraça / virtuoso; |
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