O choque dos alimentos está produzindo enormes estragos globais: semeia inflação, desarranja o abastecimento, precipita protecionismos e fermenta crises políticas. Para observadores atentos, é uma forte ameaça à democracia, especialmente nos países pobres. Efeito colateral do mesmo choque é o desmonte do conceito de segurança alimentar, pelo menos como enunciado hoje.
As políticas de segurança alimentar surgiram na Europa logo após a Primeira Guerra e se intensificaram após a Segunda. A enorme escassez desse período levou os governos a garantir a produção interna dos alimentos indispensáveis ao sustento da população, não importando a que custo. Foi essa a base do protecionismo agrícola dos países ricos, que provocou grandes distorções. Impossibilitou, por exemplo, que muitos países da África e da América Latina desenvolvessem sua agricultura por incapacidade de competir com o produto subsidiado dos países centrais.
O conceito de segurança alimentar não ficou apenas na busca da garantia do abastecimento interno. Foi também associado a políticas demográficas e ambientais. Assim, governos europeus adotaram medidas protecionistas para impedir o esvaziamento populacional do interior do país. Depois, razões de preservação ambiental foram usadas para bloquear o desenvolvimento de pesquisas e culturas transgênicas.
O professor Fernando Homem de Melo, especialista em Economia Agrícola da Universidade de São Paulo, lembra que as aplicações desse princípio foram tão exacerbadas que até o nome mudou. Hoje, em vez de segurança alimentar, fala-se em Multifuncionalidade Agrícola, e as exigências se multiplicaram. A agricultura tem agora de garantir a preservação da paisagem, do turismo agrícola, da cultura rural dos antepassados e por aí vai.
O problema é que acabou a fartura, os estoques estão cada vez mais baixos também nos países ricos e agora se vê que a globalização dos mercados impõe um jogo novo e desconhecido. O aumento do consumo asiático produziu escassez e disparada dos preços e não há o que detenha a inflação dos alimentos.
(Celso Ming. O Estado de S. Paulo, B2 Economia,
11 de maio de 2008, com adaptações)
Depreende-se corretamente do texto que:
a)
o conceito de segurança alimentar permanece, desde seu aparecimento, como a melhor maneira de evitar a escassez de alimentos, especialmente nos países mais pobres. |
b)
a atual situação da agricultura em todo o mundo tem originado sentimento de insegurança alimentar, apesar das medidas de precaução adotadas pelos países mais ricos. |
c)
a tentativa de controlar o abastecimento interno de países após os conflitos mundiais gerou problemas de ordem político-econômica em vários deles, principalmente devido à escassez de alimentos. |
d)
os países mais pobres, embora fossem os maiores produtores de alimentos, ficaram bastante prejudicados pela política dos países mais ricos de garantir o abastecimento de sua população, principalmente a do interior. |
e)
a situação atual da produção e da oferta de alimentos exige medidas que permitam o abastecimento regular em todo o mundo e evitem conseqüências políticas danosas para todos os países. |
De acordo com o texto,
a)
a globalização na produção e oferta de alimentos tem levado a alterações e a mudanças no conceito de segurança alimentar, que se refletem em todos os países. |
b)
a agricultura, em todo o mundo, tem garantido e deverá continuar garantindo a produção de alimentos, pois vem sendo associada aos diversos aspectos relacionados ao meio ambiente. |
c)
pouca coisa tem sido feita, tanto nos países ricos quanto nos demais, que são os produtores de alimentos, para controlar a atual escassez desses produtos no mercado internacional. |
d)
as políticas de segurança alimentar, voltadas de início para os problemas internos de cada país, direcionam-se no momento atual para pesquisas com alimentos transgênicos, como solução ideal para controlar a alta dos preços. |
e)
as novas exigências para um novo modelo de agricultura, em todo o mundo, partem do excesso de consumo nos países asiáticos na tentativa de evitar o aumento dos preços de alimentos, especialmente para a população mais pobre. |
Considerando-se o contexto, o segmento cujo sentido está corretamente transcrito em outras palavras é:
a)
precipita protecionismos = destrói a idéia de segurança. |
b)
fermenta crises = estimula a ocorrência de conflitos. |
c)
e se intensificaram após a Segunda = e perderam fôlego depois da Segunda. |
d)
não importando a que custo = sem maiores garantias de controle. |
e)
que provocou grandes distorções = que criou discórdias. |
Identifica-se a consequência de um fato no segmento do texto:
a)
e se intensificaram após a Segunda. |
b)
não importando a que custo. |
c)
para impedir o esvaziamento populacional do interior do país. |
d)
que até o nome mudou. |
e)
que detenha a inflação dos alimentos. |
... e por aí vai. (final do 4.º parágrafo)
O comentário acima permite pressupor corretamente que, segundo o autor,
a)
a agricultura tem sido desde o início a maior responsável pela degradação do meio ambiente, prejudicando especialmente o turismo agrícola em alguns países. |
b)
a alteração do nome de um princípio que já perdeu sua utilidade principal foi a solução mais adequada, devido aos problemas oriundos da globalização. |
c)
as bases familiar e tradicional da agricultura que se desenvolve em alguns países nem sempre garantem os produtos necessários ao abastecimento da população. |
d)
a agricultura, responsabilizada pela degradação do meio ambiente, vem deixando de lado sua função básica de produção de alimentos. |
e)
as exigências atualmente feitas em relação à agricultura já vêm sendo exorbitantes, ultrapassando sua função primordial de produzir alimentos. |
Para observadores atentos, é uma forte ameaça à democracia ... (1.º parágrafo)
O mesmo tipo de complemento grifado acima SÓ NÃO se repete na expressão também grifada em:
a)
... é o desmonte do conceito de segurança alimentar ... |
b)
... alimentos indispensáveis ao sustento da população ... |
c)
... que muitos países da África e da América Latina desenvolvessem sua agricultura... |
d)
... na busca da garantia do abastecimento interno. |
e)
... associado a políticas demográficas e ambientais. |
O choque dos alimentos está produzindo enormes estra gos globais: semeia inflação, desarranja o abastecimento precipita protecionismos e fermenta crises políticas. (início do texto)
Os dois-pontos, no contexto da frase,
a)
introduzem um segmento de caráter explicativo e especificativo. |
b)
assinalam uma seqüência repetitiva, como um realce no contexto. |
c)
indicam quebra na seqüência lógica das idéias em desenvolvimento. |
d)
introduzem observações que minimizam o sentido da expressão anterior. |
e)
assinalam a fala de um interlocutor até então alheio ao contexto. |
O conceito de segurança alimentar não ficou apenas na busca da garantia do abastecimento interno. Foi também associado a políticas demográficas e ambientais. (3.º parágrafo)
As orações acima articulam-se em um só período, com correção, clareza e lógica, sem alteração do sentido original, em:
a)
O conceito de segurança alimentar, que não ficou na busca da garantia do abastecimento interno, viu-se ainda um representante das políticas demográficas e ambientais. |
b)
Como foi associado a políticas demográficas e ambientais, foi ainda apenas na busca da garantia do abastecimento interno, com o conceito de segurança alimentar. |
c)
Não tendo ficado só na busca da garantia do abastecimento interno, nem tanto associado a políticas demográficas e ambientais, foi muito além o conceito de segurança alimentar. |
d)
Além de buscar a garantia do abastecimento interno, o conceito de segurança alimentar foi associado a políticas demográficas e ambientais. |
e)
Foi com a associação das políticas demográficas e ambientais que o conceito de segurança alimentar não ficou em buscar a garantia do abastecimento interno. |
Atenção: Considere os padrões de Redação Oficial para responder a esta questão.
Se o articulista do jornal desejar obter novas informações do Professor especialista em Economia Agrícola, poderá dirigir-se a ele por meio de:
a)
carta circular, para conhecimento de todos os envolvidos na obtenção e divulgação dos dados necessários. |
b)
requerimento, com todos os dados do emissor, além do fecho de cortesia: Respeitosamente. |
c)
ofício, com endereçamento ao especialista e com o assunto a ser tratado, cujo fecho conterá a fórmula: Atenciosamente. |
d)
relatório, em que seja especificado o período a ser observado e os efeitos produzidos pela situação em análise. |
e)
ata, em que constem claramente os objetivos do solicitante e o uso a ser feito dos dados obtidos. |
Duzentos anos atrás, apenas 3% da população mundial viviam em cidades. Há um século, na esteira da Revolução Industrial, a porcentagem tinha subido para 13% − ainda uma minoria em um planeta essencialmente rural. Em algum momento deste ano, de acordo com estimativas das Nações Unidas, pela primeira vez na história o número de pessoas que vivem em áreas urbanas ultrapassará o de moradores do campo. Segundo o mesmo estudo, nas próximas décadas, praticamente todo o crescimento populacional do planeta ocorrerá nas cidades, nas quais viverão sete em cada dez pessoas em 2050. A população rural ainda deve aumentar nos próximos dez anos, antes de entrar em declínio gradativo.
O que move a humanidade em direção à vida de colméia? Desde cedo, a cidade teve o mérito de dar ao homem a possibilidade de evoluir além da luta pela sobrevivência pura e simples. Sua primeira função foi de local de proteção, de armazenagem de alimentos e de entreposto de trocas. A segurança urbana permitiu o desenvolvimento do trabalho especializado, que liberou as pessoas para se engajarem em atividades como as artes, a ciência, a religião e a inovação tecnológica. A lei é a essência da vida urbana desde os tempos babilônicos. Primeiro, porque as cidades são centros de comércio e essa atividade exige regulamentos. Segundo, porque elas atraem diferentes tipos de moradores, que precisam viver juntos e dependem de normas comuns de comportamento.
O lugar que melhor sintetiza a urbanização em escala global é a megalópole. Esse é o nome que se dá aos aglomerados urbanos com mais de 10 milhões de habitantes. Um em cada 25 habitantes do planeta vive em uma das dezenove megalópoles existentes. Seus moradores desfrutam uma vasta gama de serviços especializados, comércio disponível noite e dia, programas culturais para todos os gostos, infinitas alternativas de lazer – mas o trânsito pode ser tão congestionado que se torna difícil usufruir as ofertas, ou a preocupação com a segurança é tal que obriga os pais a criar os filhos sob um controle extenuante. Essa situação é agravada pelo fato de quinze desses gigantes estarem localizados em países pobres ou emergentes.
(Adaptado de Thomaz Favero. Veja. 16 de abril de 2008, p.111)
Conclui-se corretamente do texto que:
a)
a vida em grandes cidades foi marcante no ritmo evolutivo da humanidade, por oferecer as melhores condições de vida com qualidade a uma coletividade. |
b)
os benefícios oferecidos pelas cidades às condições de vida acabam prejudicados por fatores decorrentes do aumento da população nos núcleos urbanos. |
c)
as melhores condições de vida de uma população ainda se traduzem em vantagens encontradas nas áreas rurais. |
d)
países mais pobres ou emergentes não têm condições de oferecer benefícios à população, embora neles também se encontrem grandes cidades. |
e)
as possibilidades de crescimento pessoal nem sempre se realizam nas condições desfavoráveis de concorrência na vida coletiva das áreas urbanas. |
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