1 É evidente que vivemos em um momento prodigioso
2 da técnica, com transformações profundas das noções de espaço
3 e tempo; mas a política do espírito não acompanha esse
4 alargamento do mundo: pelo contrário, vemos dominar no
5 homem o encolhimento das fronteiras éticas e o esquecimento
6 de algumas ideias essenciais que fundam o humanismo. Nada
7 vemos de semelhante ao que aconteceu, no plano das ideias, em
8 outro momento de grandes transformações da técnica e também
9 de grandes descobertas — o século XVI —, com o
10 renascimento de um mundo esquecido e das doutrinas dos
11 velhos filósofos da Grécia e do Oriente, e, com elas, a crítica e
12 a dissolução de antigas crenças que davam ao homem
13 “a certeza do saber e a segurança da ação”. Na época dos
14 descobrimentos, dos Renascimentos, das incertezas, o espaço
15 tornou-se uma pluralidade de espaços; o tempo, uma
16 pluralidade de tempos. Hoje, quando predominam as
17 estatísticas como definidoras e reguladoras da vida social e
18 política, as verdades matemáticas são inquestionáveis, até
19 mesmo nos sonhos. Espaço e tempo tornam-se unidades
20 sistematizadas. Portanto, esta concepção engendra e é, ao
21 mesmo tempo, engendrada pela ideia de sistema, que é a plena
22 realização da racionalidade contemporânea.
Adauto Novaes. Sobre tempo e história.
In: Adauto
Novaes (Org.). Tempo e história. São Paulo: Companhia
das Letras,p.14-5(com adaptações)
Assinale a opção correta a respeito do uso das expressões na organização dos argumentos no texto:
a)
No desenvolvimento da argumentação, a expressão esse alargamento (l.3-4) representa uma visão positiva de mundo, em oposição a encolhimento das fronteiras (l.5), que remete à visão negativa de um mundo esquecido (l.10). |
b)
A argumentação do texto ressalta como a falta de atenção ao plano das ideias (l.7), no século XVI, resultou em uma lacuna tecnológica que o século XXI não deve repetir. |
c)
A expressão outro momento (l.8) associa a época dos descobrimentos, dos Renascimentos (l.13-14) ao atual momento prodigioso da técnica (l.1-2) pela ideia de grandes e profundas transformações. |
d)
Por meio da expressão esta concepção (l.20), resume-se, no texto, a ideia de espaços e tempos pluralizados, diversificados, multiplicados e regulados pela técnica. |
e)
Infere-se que a ideia de sistema (l.21) que sustenta a argumentação do texto representa uma herança clássica dos velhos filósofos da Grécia e do Oriente (l.11). |
Assinale a opção correta a respeito do uso dos sinais de pontuação no texto:
a)
A oposição de ideias introduzida pela conjunção mas (l.3) impede que, em lugar do ponto e vírgula (l.3), seja utilizado o sinal de ponto; por outro lado, o uso da vírgula depois de técnica (l.2) também impede que, no lugar de ponto e vírgula (l.3), seja usada outra vírgula. |
b)
Na linha 4, sinal de dois-pontos depois de mundo introduz uma ideia que explica a afirmação da oração anterior, mas sua substituição pelo sinal de ponto preservaria a coerência e a correção gramatical do texto, desde que fossem feitos os ajustes na letra inicial de pelo. |
c)
A inserção da informação marcada pelos dois travessões, na linha 9, também poderia ser marcada por sinais de parênteses, sem prejudicar a coerência e a correção do texto; nesse caso, seria obrigatória a retirada da vírgula que segue o segundo travessão. |
d)
O uso das aspas, na linha 13, assinala uma das citações de um dos velhos filósofos (l.11) que orienta a argumentação do texto na retomada de conceitos históricos. |
e)
A retirada da vírgula que se segue a Hoje (l.16) preservaria a coerência e a correção gramatical do texto, pois seu uso não é obrigatório. |
Assinale a opção correta a respeito das alterações propostas para as estruturas linguísticas do texto:
a)
O deslocamento de dominar no homem (l.4-5) para o final do período sintático em que ocorre, depois de humanismo (l.6), preserva as relações de significação entre os termos e a correção gramatical do texto, desde que seja usada uma vírgula depois de humanismo. |
b)
Na linha 7, as relações de regência entre "semelhante" e "aconteceu" permitem que o trecho "ao que" seja substituído por àquilo que, sem prejudicar a coerência nem a correção gramatical do texto. |
c)
A preposição na expressão com o renascimento (l.9-10) introduz uma ideia de causa para as "grandes transformações" (l.8); por isso, a reescrita como devido o renascimento preservaria a coerência e a correção gramatical do texto. |
d)
Em "o espaço tornou-se uma pluralidade de espaços" (l.14-15), o deslocamento do pronome para antes da forma verbal violaria as regras gramaticais. |
e)
No desenvolvimento do texto, a retirada da conjunção "quando" (l.16) provocaria erro na estrutura gramatical do período sintático, mas preservaria as relações significativas e a coerência entre os argumentos. |
1 O padrão de desenvolvimento em vigor é danoso ao
2 meio ambiente e insustentável. E esse problema só pode ser
3 resolvido por meio da mudança de comportamento, que, por
4 sua vez, só pode ser obtida quando há uma confluência de
5 fatores concatenados. É preciso articular uma ampla estratégia
6 que prevê ações em vários níveis que não enfocam apenas a
7 sensibilização do cidadão. Mudar comportamentos é algo
8 penoso e difícil, que encontra resistência por envolver fatores
9 e hábitos culturais. Se realmente queremos mudar as práticas
10 vigentes e identificar um novo modelo de civilização, temos de
11 promover ações contundentes nas esferas do mercado e do
12 Estado, com investimentos, políticas públicas, responsabilidade
13 socioambiental corporativa, capacitação e alternativas que
viabilizem a mudança de atitude.
Russell A. Mittermeyer. Um planeta febril. In:
Istoé, 23/12/2009, p. 117 (com adaptações)
De acordo com as relações de coesão e coerência do texto:
a)
a expressão danoso ao meio ambiente (l.1-2) e o vocábulo insustentável (l.2) estão em relação de sinonímia. |
b)
a ideia de mudança de comportamento (l.3) é causa da confluência de fatores concatenados (l.4-5). |
c)
as duas ocorrências do termo fatores (l.5 e 8) remetem à mesma ideia: de fator danoso ao meio ambiente (l.1-2). |
d)
a sensibilização do cidadão (l.7) não faz parte das ações estratégicas de mudança de comportamento. |
e)
a promoção de ações contundentes (l.11) constitui uma condição para a mudança das práticas vigentes (l.9-10). |
Nas relações de coesão construídas na progressão textual, o pronome que:
a)
na linha 3, refere-se a esse problema (l.2). |
b)
em que prevê (l.6), refere-se a mudança de comportamento (l.3). |
c)
na linha 6, segunda ocorrência, refere-se a ampla estratégia (l.5). |
d)
na linha 8, refere-se tanto a algo (l.7) quanto a Mudar comportamentos (l.7). |
e)
na linha 13, refere-se tanto a ações contundentes (l.11) quanto a políticas públicas (l.12). |
1 A tecnologia passou a dominar não apenas o
2 comércio, as cidades, a vida cotidiana e a intimidade do
3 homem, mas foi além: transformou-se na linguagem do mundo
4 contemporâneo, nossa mediação universal. Como sistema
5 universal, a História — da mesma maneira que as ciências, as
6 artes e a política — é vista da mesma perspectiva, isto é, por
7 meio de um conjunto de regras de conhecimentos, geralmente
8 quantificados, que valem de forma diferenciada para todas as
9 dimensões do real.
10 É impossível despojar o mundo das suas
11 ambiguidades, paradoxos e enigmas, e dominá-lo plenamente
12 por meio da racionalidade técnica e de forma sistemática. Em
13 vez de habitar o mundo, acolhê-lo, viver no meio dos
14 acontecimentos, o homem moderno tem a pretensão de
15 dominá-lo pela técnica. Mas ele não se dá conta de que essa
16 pretensão é o que o transforma no escravo moderno: dominado
17 por causas exteriores, o homem perde a prudência e age como
18 qualquer ser passional, isto é, tudo o que ele faz só faz porque
19 é levado pelos acontecimentos.
Idem, ibidem (com adaptações)
Assinale a opção que expressa a tese, a ideia central do texto:
a)
Ao se transformar na linguagem do mundo contemporâneo (l.3-4), a tecnologia pode fazer do homem um escravo moderno (l.16). |
b)
A História é considerada um sistema, da mesma maneira que as ciências, as artes e a política (l.5-6), quando usa um conjunto de regras de conhecimentos (l.7) para interpretar o real. |
c)
Apenas a racionalidade técnica e o conhecimento sistematizado constituem uma perspectiva científica capaz de interpretar as ambiguidades, paradoxos e enigmas (l.11) do mundo. |
d)
Com o objetivo de viver os acontecimentos, o homem estabelece um conjunto de regras de conhecimentos, geralmente quantificados (l.7-8) para criar tecnologia. |
e)
Os acontecimentos é que direcionam o comportamento humano, seja pela racionalidade técnica, seja pela ação passional, pois o homem é dominado por causas exteriores (l.16-17). |
Considerando o uso das estruturas linguísticas no texto, assinale a opção correta:
a)
A expressão da mesma maneira (l.5) estabelece uma comparação entre o sistema universal (l.4-5) e o conjunto de regras de conhecimentos (l.7). |
b)
A expressão por meio de (l.6-7) e o vocábulo pela (l.15) atribuem a ideia de instrumento, respectivamente, a um conjunto de regras (l.7) e a técnica (l.15). |
c)
Os pronomes em dominá-lo (l.11) e em o transforma (l.16) referem-se a mundo, respectivamente, nas linhas 10 e 13. |
d)
Na linha 12, a repetição da preposição de, que precede racionalidade técnica e forma sistemática, indica que se trata de dois complementos para a expressão por meio. |
e)
A preposição de, em dos acontecimentos (l.13-14), corresponde à preposição a e por ela pode ser substituída, sem prejudicar a correção e a coerência do texto. |
1 Afirma-se que a inovação e, particularmente, seus
2 produtos tecnológicos estimulam a competitividade e, dessa
3 forma, contribuem para o crescimento econômico do país.
4 Consequentemente, a competitividade é erigida em valor
5 supremo da vida social, como se fosse uma lei da natureza
6 imanente à espécie humana. Omite-se, propositadamente,
7 que o mais longo período da história da vida humana foi
8 orientado pela cooperação e solidariedade, valores
9 fundamentais para a sobrevivência da espécie. A ideologia
10 da competição e produtividade faz parte de uma visão de
11 mundo dominada pela corrida atrás da acumulação de
12 capitais e do enriquecimento ilimitado, nem sempre por
13 meios civilizados e legítimos. Para a sociedade,
14 coletivamente, só haverá vantagens na busca de maior
15 produtividade quando seus resultados forem distribuídos
16 para elevar o nível de bem-estar coletivo. Isso pode ser
17 atingido mediante a elevação proporcional dos salários, a
18 redução dos preços de bens e serviços ou o aumento de
19 investimentos dos lucros gerados, na expansão do sistema
20 produtivo. Deixemos bem claro: não se discute aqui a
21 necessidade de tecnologia nas sociedades contemporâneas,
22 mas a condição de que esta seja ambientalmente segura,
23 socialmente benéfica (para todos) e eticamente aceitável.
Henrique Rattner. Tecnologia e sociedade. In: Internet:
<www.espacoacademico.com.br> (com adaptações)
Assinale a opção correspondente à estrutura linguística que, no desenvolvimento do texto, inclui o posicionamento do autor na argumentação:
a)
Afirma-se (l.1) |
b)
é erigida (l.4) |
c)
como se fosse (l.5) |
d)
Omite-se (l.6) |
e)
não se discute (l.20) |
A coerência e a correção gramatical do texto seriam mantidas ao se substituir:
a)
erigida em valor supremo (l.4-5) por erigida valor supremo. |
b)
fundamentais para a sobrevivência (l.9) por fundamentais a sobrevivência. |
c)
só haverá (l.14) por só existirá. |
d)
atingido mediante a elevação (l.17) por atingido pela elevação. |
e)
condição de que esta seja (l.22) por condição que esta seja. |
Julgue os itens abaixo, relativos ao emprego das estruturas linguísticas do texto.
I A vírgula logo depois de "solidariedade" (l.8) é obrigatória porque a oração que a segue tem valor explicativo e corresponde a que são valores (...).
II Na linha 10, preserva-se a coerência textual ao se inserir da antes de "produtividade"; mas, para se preservar a correção gramatical, será necessário mudar "faz" para fazem.
III Para a coerência dos argumentos no texto, é indiferente o uso de "quando" (l.15) ou de se, em seu lugar, pois o período sintático preserva a ideia de condição.
IV Seriam mantidas as relações entre os argumentos se, em lugar de "ou" (l.18), antes do último termo da enumeração, fosse usado e; mas a desvantagem seria a repetição do mesmo conectivo.
V O valor explicativo da oração que se segue aos dois-pontos, na linha 20, seria preservado se, em lugar da pontuação, fosse usado o conectivo que.
Estão certos apenas os itens:
a)
I, II e IV. |
b)
I, II e V. |
c)
I, III e V. |
d)
II, III e IV. |
e)
III, IV e V. |
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