Para o IBGE, TRABALHO significa a ocupação econômica remunerada em dinheiro, produtos ou outras formas não monetárias, ou a ocupação econômica sem remuneração, exercida pelo menos durante 15 horas na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua atividade econômica, ou a instituições religiosas beneficentes ou em cooperativismo ou, ainda, como aprendiz ou estagiário. Para os indivíduos que trabalham investiga-se a ocupação, o ramo de atividade, a posição na ocupação, a existência de mais de um trabalho, o rendimento efetivamente recebido no mês anterior, o número de horas efetivamente trabalhadas, etc. Para os indivíduos que procuram trabalho investiga-se a providência tomada, o tempo de procura, se trabalharam antes com ou sem remuneração, a ocupação, o ramo de atividade e a posição na ocupação do último trabalho. Para os inativos, se procuraram trabalho no período de referência de 30 ou 60 dias.
O termo "trabalho" se refere a uma atividade própria do homem.
Também outros seres atuam dirigindo suas energias coordenadamente e com uma finalidade determinada.Entretanto, o trabalho propriamente dito, entendido como um processo entre a natureza e o homem, é exclusivamente humano. Neste processo, o homem se enfrenta como um poder natural, em palavras de Karl Marx, com a matéria da natureza. A diferença entre a aranha que tece a sua teia e o homem é que este realiza o seu fim na matéria. Ao final do processo do trabalho humano surge um resultado que antes do início do processo já existia na mente do homem.
Em sentido amplo, é toda a atividade humana que transforma a natureza a partir de certa matéria dada. A palavra deriva do latim "tripaliare", que significa torturar; daí a passou a idéia de sofrer ou esforçar-se e, finalmente, de trabalhar ou agir. O trabalho, em sentido econômico, é toda a atividade desenvolvida pelo homem sobre uma matéria-prima, geralmente com a ajuda de instrumentos, com a finalidade de produzir bens e serviços.
Para a Liga Operária Católica - Movimento de Trabalhadores Cristãos – LOC/MTC “o trabalho humano é a chave essencial de toda a questão social” e, por isso, ele constitui o centro das suas prioridades na ação que desenvolve.
Por “trabalho justo” entende-se, geralmente, ”salário justo”.
O salário para ser justo implica ser calculado de forma a permitir uma vida digna para o/a trabalhador/a e sua família.
O cálculo remuneratório deve integrar os esforços inerentes a esse trabalho, os riscos que comporta para a saúde e o tempo necessário para a sua execução. “O trabalho deve ser remunerado de tal modo que permita ao homem e à família levar uma vida digna, tanto material ou social, como cultural ou espiritual, tendo em conta as funções e a produtividade de cada um, e o bem comum”.
Quando se refere “trabalho digno”, significa que se fala de “condições de trabalho”. Trabalhar sem quaisquer constrangimentos, nem discriminações, em razão do sexo, da etnia ou de qualquer minoria. Significa também o exercício pleno da liberdade cívica, como poder reunir-se em associações, sem que daí decorram quaisquer prejuízos para quem nelas participe. Implica ainda proteção da saúde, acesso à segurança social, estabilidade de emprego e um horário e um ritmo de trabalho que lhe permita ao trabalhador e à trabalhadora sentir-se bem e planificar a sua vida.
“É corrente, mesmo em nossos dias, tomarem-se os trabalhadores, em certo sentido, escravos do próprio trabalho. O que, de nenhum modo, é justificado pelas chamadas leis econômicas. Importa, portanto, adaptar todo o processo de trabalho produtivo às necessidades da pessoa e às suas condições de vida; sobretudo da vida doméstica, em particular no que se refere às mães de família, tendo sempre em conta o sexo e a idade. Facilite-se aos trabalhadores a possibilidade de desenvolverem as suas qualidades e a sua personalidade no próprio exercício do trabalho. Depois de haver aplicado a um trabalho o seu tempo e as suas forças, de uma maneira conscienciosa, todos devem gozar de um tempo de repouso e de descanso suficiente para se dedicarem à vida familiar, cultural, social e religiosa. Devem ainda ter possibilidade de desenvolver livremente faculdades e capacidades, que, no trabalho profissional, não puderam desenvolver muito, por falta de oportunidade”.
O trabalho reconhecido significa que quem trabalha deve poder fazer a experiência de sentir que o seu trabalho é reconhecido e valorizado. Isto é válido não só para o trabalho remunerado, mas também para as numerosas atividades não remuneradas – tradicionalmente assumidas pelas mulheres - tais como tarefas domésticas, prestação de cuidados a crianças, pessoas portadoras de deficiência, pessoas idosas, atendimento a situações de dependência transitória ou prolongada e variadíssimas atividades cívicas e de voluntariado.
Daqui surge a chamada “tríade do trabalho”:
- Trabalho remunerado, aquele que é geralmente reconhecido e valorizado.
- Trabalho em casa (lides domésticas, educação dos filhos, prestação de cuidados a doentes e idosos)
- Trabalho social (atividades cívicas e de voluntariado), na saúde, na educação, na cultura, no desporto, na vida associativa…
Os dois últimos, porque não são remunerados, também não são valorizados.
Exemplo típico são as pessoas que trabalham em casa (geralmente mulheres) que não têm acesso à segurança social, além de não terem uma remuneração. Do mesmo modo, numerosas atividades cívicas e de voluntariado poderiam (e deveriam) ser remuneradas.
A palavra «trabalho», esclarece o historiador Jacques Le Goff, não existia antes do século XI.
De acordo com Godelier, citado por Correia (1999), o significado da palavra «trabalho», conhecido como “obra a fazer, ou execução de uma obra”, surge somente nos finais do século XV e o significado da palavra «trabalhador» aparece nos finais do século XVII. No século XVIII, o trabalho aparece como uma atividade que implica um esforço penoso. Aliás, José Alberto Correia (1999) refere esta noção sublinhando que ela está “relacionada com significados que nos referenciam o exercício de atividades penosas”.